Introdução: O trabalho é compreendido como uma atividade imprescindível para a vida do indivíduo, pois através dessa prática, o homem consegue expressar-se em sociedade e realizar todas as suas necessidades objetivas e subjetivas. Nesse sentido, as condições e aspectos que permeiam a sua funcionalidade e o seu ambiente, afetam diretamente os indivíduos envolvidos nesse meio, o que, por sua vez, podem ocasionar diversas perturbações de origem física, mental, psíquica e social, dando margem para esses trabalhadores buscarem no consumo de substâncias psicoativas, uma solução rápida e de alívio para os transtornos acarretados pelo trabalho. Objetivo: Avaliar o uso de substâncias psicoativas por trabalhadores de saúde de um serviço hospitalar. Método: Trata-se de um estudo analítico-observacional, transversal realizado em uma instituição de saúde, de alta complexidade e referência no atendimento às urgências do estado do Piauí, realizado no período de março a outubro de 2018. A amostra foi constituída por 289 trabalhadores de saúde, de diferentes categorias profissionais, efetivos e que se encontravam há mais de um ano em atividade laboral na referida instituição. Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário para caracterização sociodemográfica, ocupacional, de saúde autorreferida e de consumo de substâncias psicoativas, elaborado pelos próprios pesquisadores, além dos instrumentos: Teste de Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT) e o Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Cigarro e outras Substâncias (ASSIST). A análise dos dados foi realizada com base nos princípios da estatística descritiva e inferencial, com nível de significância de 5%. O estudo atendeu as exigências da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e o parecer favorável à sua realização foi emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí. Resultados: A análise descritiva do estudo mostrou a predominância do sexo feminino 178 (61,6%), com faixa etária média de 35,4 anos, casados 127 (43,9%), religião católica 214 (74,0%), escolaridade de nível técnico 131 (45,3%), categoria profissional de Técnico em Enfermagem 144 (49,8%). O grau de exigência para a rotina de trabalho foi considerado alto por 165 (57,09%) e o grau da carga de trabalho foi alto para 145 (50,2%). Quanto aos tipos de exigências do trabalho: físico - alto para 128 (44,3%), mental - alto para 203 (70,2%) e emocional - alto para 168 (58,1%). Em relação ao grau de satisfação com o trabalho, prevaleceu o moderado 143 (49,5%). Ao que tange o consumo de SPAs, verificou-se que 141 (48,80%) participantes afirmaram já ter consumido algum tipo de substância, porém não fazem uso atualmente; quanto à classificação da natureza das SPAs consumidas, 168 (55,80%) foram apenas drogas lícitas, tendo prevalência o consumo de álcool 170 (41,40%), seguido do tabaco 77 (18,70%). Entre as substâncias de uso hospitalar e de prescrição médica, observou-se a prevalência dos hipnóticos/ sedativos 50 (12,20%), antidepressivos 47 (11,40%), e em seguida, os opiáceos 30 (7,30%). Conclusão: Constatou-se que o consumo de SPAs é mais prevalente entre as categorias médica, enfermagem e técnico em enfermagem, observando que o álcool é a principal substância consumida e que certos aspectos do trabalho, como a escala e o grau de satisfação com o trabalho, estabeleceram significância para o consumo de algumas SPAs.