Introdução: A hepatite B é um problema de saúde pública no mundo, considerando possibilidades de complicações hepáticas e prevalências elevadas com diferenças regionais. A forma mais eficaz de prevenção é através da vacinação contra essa infecção. Pesquisas mostram que a completude vacinal de três doses contra hepatite B tem sido difícil em populações de maior vulnerabilidade. Objetivo: avaliar a adesão e soroconversão à vacina contra hepatite B utilizando o esquema vacinal acelerado em pessoas que vivem em situação de rua. Método: Inicialmente realizou-se um estudo transversal para estimar a prevalência dos marcadores sorológicos da hepatite B. A seguir, foi realizada uma intervenção da vacina contra hepatite B nos participantes suscetíveis. O estudo foi realizado no Centro de Referência Especializado para População de Rua (Centro POP) no período de setembro de 2017 a setembro de 2018. O recrutamento dos participantes foi realizado por meio da amostragem não probabilística por conveniência. A coleta de dados foi desenvolvida seguindo as etapas: aplicação de um formulário, testagem rápida para detecção de hepatite B, coleta de 5ml de sangue periférico para pesquisa dos marcadores sorológicos HBsAg, Anti-HBc e Anti-HBs e vacinação contra hepatite B seguindo o regime de esquema acelerado de 0, 7 e 21 dias e realização do exame para detecção do marcador sorológico anti-HBs após 30 dias da terceira dose. Foi realizada a análise de frequência estatística descritiva e utilizado o teste de qui-quadrado e Wilconxon para testar a significância de diferenças entre proporções. Valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFPI com número de parecer 1.755.893. Resultados: foram entrevistadas 205 pessoas que vivem em situação de rua. Predominou o sexo masculino (86,8%), 52,2% tinham entre 31 e 49 anos, o estado civil da maioria foi solteiro (73,2%), cerca de 68,8% relataram possuir mais de 12 anos de estudo. Com relação ao comportamento sexual, 89,8% informaram ser heterossexuais, a maioria (68,3%) relatou idade de 13 a 18 anos na primeira relação sexual, a prática sexual vaginal foi a mais referida (64,5%). O consumo de álcool foi informado por 62,4% dos entrevistados. Do total de participantes, 138 (67,3%) realizaram exame para detecção de marcadores sorológicos da hepatite B e foram vacinados com a primeira dose de vacina para evitar as perdas. A prevalência geral da hepatite B foi de 39,9%. Após análise dos exames sorológicos, 84(60,8%) estavam elegíveis para a administração da segunda dose de vacina contra hepatite B. Desses, 38(27,5%) receberam a segunda dose de vacina e 8(5,8%) completaram o esquema vacinal. Foi realizado o exame para detecção do marcador sorológico Anti-HBs em 6 (75%) participantes sendo 5 (83,3%) com resultado reagente. O participante que não imunizou tinha 43 anos com relato de consumo de álcool e outras drogas há mais de quinze anos. A média geométrica dos títulos após a completude do esquema vacinal foi de 32,08. Conclusão: a adesão ao esquema vacinal acelerado contra hepatite B foi considerada baixa quando comparada com outros estudos. Recomenda-se investimento em estratégias de vacinação contra hepatite B e melhoria do acesso aos serviços de saúde e rede de apoio para ampliar oportunidades de vacinação para essa população. Sugere-se a realização de outros estudos tendo como base a vulnerabilidade programática a que estão expostos.