Introdução: modelos de saúde voltados para assitência domiciliar envolvendo a internação em domicílio vêm sendo adotado no Brasil e no mundo. Uma das vantagens apontadas desse modelo de assitência é reduzir o número de infecções por patógenos multiressitentes. Entretanto, as infecções relacionadas a assitência a saúde são um grave problema de saúde pública com altas taxas de morbidade e mortalidade e custos, sendo um evento adverso comum onde há provisão de cuidados. Razão que incita uma investigação epidemiológica para conhecer as possíveis ameaças infecciosas que o modelo de internação domiciliar possa oferecer. Objetivo: analisar a ocorrência de infecções que acometem os pacientes assistidos pelas Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar em uma capital do Nordeste, e fatores associados. Método: estudo transversal analítico de prevalência, sub-projeto do estudo intitulado “Infecções relacionadas a assistência à saúde na atenção domiciliar: estudo piloto”. Realizado no município de Teresina com amostra censitária de 130 prontuários de pacientes assistidos em domicílio entre 25 de abril de 2016 a 30 de julho de 2020, a coleta de dados ocorreu entre 10 de agosto a 22 de setembro de 2020 com instrumento construído e validado em face e conteúdo para esta pesquisa. Para análise estatística, utilizou-se software Statistical Package for the Social Sciences, versão 22.0. Foi realizado análise univariada, Teste Exato de Fisher para investigar evidências de associações. Foi realizada regressão logística de Poisson para verificar razões de chance e razões de prevalência e Teste U-de Mann Whitney para análise de comparação. O nível de significância adotado para as análises foi de 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí, Parecer 3.982.462. Resultados: O estudo evidenciou um público com a maioria sendo do sexo masculino (53,1%), idosos (≥ 60 anos) (53,1%), cor parda (65,9%), sem cônjuge (61,1%), entre1-9 anos de estudo (47,2%), com cuidador do sexo feminino (83,2%). A prevalência estimada de infecções encontrada foi 46,5%, com os tipos mais frequentes a do trato respiratório (47,3%), do trato urinário (32,4%), de pele (8,1%) e do trato gastrointestinal (6,8%). As variáveis associadas foram o sexo do cuidador (razão de chances/ odds ratio-OR= 6,611; IC95%- 1,826-23,933), uso de traqueostomia (OR=4,335;IC95%- 1,045-17,977), grau de dependência (OR= 3,892;IC95%- 1,123-12,483), tempo de uso de dispositivo invasivo para alimentação (OR=15,044; IC95%- 2,759-82,033) e local de LPP (p=0,04) apontado apenas no Teste de Fisher. Outras variáveis de resultado relevante analisadas foram a de reincidência infecciosa com 37,3% e reinternações hospitalares por infecções 33,3%. A análise comparativa evidenciou pacientes que contraíram infecções entre os que passaram mais tempo recebendo a assistência domiciliar e fizendo uso de traqueostomia. Conclusão: A prevalência de infecções foi alta. O serviço de assitência domiciliar precisa se articular melhor dentro da rede de saúde, reduzindo o longo tempo de espera dos pacientes por procedimentos realizados em outros serviços. Reintera-se ainda a necessidade de protocolos que orientem as práticas dos profissionais de saúde sobre prevenção, controle e manejo das infecções na assistência domiciliar e um olhar especial dos profissionais de saúde para com o cuidador.