Introdução: O aumento da idade tem influência direta na elevação da vulnerabilidade física e mental da população, tornando as pessoas idosas mais suscetíveis à ocorrência de agravos por causas externas. Diante do aumento desses eventos em idosos e da importância da assistência imediata para definição de um bom prognóstico, o atendimento pré-hospitalar móvel possui relevância ao garantir os primeiros cuidados ainda no local do evento, com impacto na redução de internações e óbitos. Objetivo: Analisar os atendimentos por causas externas na população idosa realizados pelo serviço pré-hospitalar móvel de urgência e o desempenho de índices prognósticos na população idosa atendida por causas externas pelo serviço préhospitalar móvel de urgência. Método: Pesquisa observacional de coorte retrospectiva, descritiva, analítica, com uso de dados secundários realizada de maio a setembro de 2021 no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e no Núcleo de Eventos Vitais da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, Piauí. A população do estudo foi 1.972 registros de atendimento pré-hospitalar de idosos vítimas de causas externas realizados no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2020. A amostra foi censitária. Adotou-se como instrumentos para coleta de dados formulários elaborados a partir das informações contidas na Ficha de Atendimento Pré-Hospitalar e Declaração de óbito e os índices prognósticos Revised Score Trauma (RTS), New Trauma Score (NTS), Mechanism, Glasgow Coma Scale, age and pressure (MGAP) e Glasgow Coma Scale, age and pressure (GAP). Foi realizada análise descritiva e inferencial mediante aplicação dos testes Qui-quadrado e Teste Exato de Fisher. Adotou-se nível de significância de p<0,05. Também foram avaliados valores percentuais de sensibilidade, especificidade, acurácia, valor preditivo positivo e negativo das ferramentas prognósticas. Este estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, com parecer 4.659.163. Resultados: A prevalência das causas externas em idosos foi de 12,2% no período analisado. A maioria era do sexo feminino, na faixa etária de 60 a 69 anos e sem suspeita de uso de bebida alcoólica. No que se refere às ocorrências atendidas, a maioria foi realizada pela unidade de suporte básico, no turno da manhã e na zona urbana da cidade. A escala de coma de Glasgow e avaliação pupilar foram as avaliações mais realizadas e a verificação da glicemia e imobilização de extremidades os procedimentos mais executados. A maioria dos idosos foram encaminhados para o hospital de referência de trauma da cidade e apresentaram baixo risco para mortalidade. Os idosos que evoluíram para óbito representaram 2,7% da população. O RTS apontou que 9,3% da população idosa não apresentava indicação de encaminhamento para centro de trauma. O NTS, MGAP e GAP apresentaram baixa sensibilidade e alta especificidade para mortalidade. Conclusão: Os dados apresentados permitem repensar a importância do atendimento prestado pelo serviço, principalmente, por demonstrar a necessidade de organizar adequadamente a assistência ao idoso vítima de causa externa. Acredita-se que este estudo possa contribuir para ampliação do conhecimento sobre a temática para que se possa traçar medidas para prevenção e controle desses agravos, além de direcionar para melhoria da qualidade do atendimento à população idosa.