DEMANDA DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PACIENTES PORTADORES DE HIV/AIDS
Enfermagem. Cuidados de Enfermagem. SIDA. Escalas.
A utilização de escalas de mensuração capazes de quantificar os cuidados
dispensados aos pacientes é fundamental para adequar o dimensionamento da
equipe de enfermagem conforme estas demandas assistenciais, com vistas a
resguardar a saúde dos profissionais e potencializar a qualidade da assistência. No
que concerne aos cuidados de enfermagem a pacientes portadores de HIV/AIDS, tal
conjuntura se torna ainda mais preponderante devido a toda uma carga emocional,
biológica e peculiaridades que envolvem esta assistência. O presente estudo teve
como objetivo principal avaliar a demanda de cuidados de enfermagem a pacientes
portadores de HIV/AIDS hospitalizados, pela aplicação do Nursing Activities Score
(NAS). Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, transversal, que aplicou o NAS
de forma retrospectiva nas unidades de internação adulto de um hospital referência
no tratamento de doenças infectocontagiosas e parasitárias no município de
Teresina- PI, no período de 05 novembro de 2012 a 15 de março de 2013. A
amostra foi constituída por 150 pacientes que eram principalmente do sexo
masculino (60%), com média de 39 anos, média de quatro anos de diagnóstico do
HIV e de 18 dias de internação, tendo como principais motivos de internação a
anoxeria, astenia e perda de ponderal, como doenças oportunistas mais frequentes
as causadas por bactérias, e foram classificados marjoritariamente na categoria de
cuidados intermediários (48,7%). Quanto à demanda de cuidados de enfermagem,
foram realizadas 1860 medidas do NAS, obtendo-se uma média do escore total no hospital de 36,26%, sendo de 30,36% nas enfermarias e 80,44% na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI). Os profissionais de enfermagem estavam expostos à
sobrecarga de trabalho em quase todos os setores, conforme estimativas, devido ao
número de profissionais menor que a demanda de cuidados dos pacientes, sendo a
situação mais preocupante a encontrada no Bloco E. Os itens 1, 7 e 8 do NAS foram
aplicados diariamente a todos os pacientes (100%) e os itens 3 e 4 foram pontuados
com frequência elevada (98,65%). A demanda de cuidado de enfermagem dos
pacientes foi estatisticamente correlacionada com as variáveis “Sistema de
Classificação de Pacientes de Perroca” (p = 0,000), “tempo de internação no
hospital” (0,008), “desfecho clínico” (p = 0,000), “taxa de linfócitos TCD4” (0,019),
“taxa de linfócitos TCD8” (0,011), “presença de comorbidades” (p = 0,019), “número
de comorbidades” (p = 0,020), “problemas hepáticos” (p = 0,001) e “uso de ITRNN”
(p = 0,030). Destarte, conclui-se que os pacientes internados na UTI do hospital
cenário do estudo apresentaram acentuada demanda de cuidados, refletida pela
média do NAS maior do que a média nacional, e os que permaneceram internados
nas enfermarias apresentavam demandas de cuidados compatíveis com a encontrada em outros estudos que aplicaram o NAS em unidades de internação
clínica. Ressalta-se a importância da adequação das equipes de enfermagem do
hospital a essas demandas assistenciais e a utilização do NAS para subsidiar a
distribuir dos integrantes das equipes, em cada setor. Sugere-se a realização de
estudos que apliquem o NAS em outras realidades nacionais que atendam clientela
portadora de HIV/AIDS, para que sejam possiveis comparações mais coerentes.