O CUIDADO CULTURAL DOS PAIS: contextos para o crescimento e desenvolvimento infantil
Desenvolvimento infantil. Enfermagem Pediátrica. Cuidados de Enfermagem. Cultura.
O presente trabalho reflete sobre a atenção à saúde infantil, que está direcionada aos aspectos de promoção e prevenção da saúde da criança e visa garantir o melhor crescimento e desenvolvimento desta, mediante o envolvimento da família, numa permanente atitude de escuta, respeito e valorização de seus costumes, crenças e formas de organização. Tem como objetivos descrever como se dá o cuidado a criança menor de cinco anos no contexto familiar, compreender como os pais promovem o crescimento e desenvolvimento infantil no contexto familiar e estabelecer cuidados de enfermagem com vistas à promoção do crescimento e desenvolvimento infantil à luz da teoria de Madeleine Leininger. O estudo, de natureza descritiva exploratória e com abordagem qualitativa, foi desenvolvido no município de Picos, com a participação de 16 sujeitos, selecionados dentre mães ou pais de crianças menores de cinco anos de idade. Para a produção dos dados, realizou-se entrevista gravada, com a utilização de um roteiro semi-estruturado, no período de abril a maio de 2013, abordando questões sobre o cuidado à criança no dia-a-dia e como os pais promoviam o crescimento e desenvolvimento infantil. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, sob o certificado de aprovação 077606612.8.0000.5214, e cumpriu todos os princípios éticos contidos na Resolução nº 466/12, que rege pesquisas envolvendo seres humanos. Dos relatos – que foram analisados pela técnica da análise de conteúdo de Bardin, discutidos com base nas concepções teóricas da Teoria do Cuidado Cultural, de Madeleine Leininger e de referencial sobre a temática –, emergiram duas categorias: atividades cotidianas no cuidado da criança e promoção do crescimento e desenvolvimento infantil. Os resultados revelaram que o cuidado diário dos pais ao público infantil está atrelado ao atendimento das necessidades de alimentação dos pequeninos, embora as preferências alimentares não sigam os valores nutricionais necessários a cada fase; verificou-se ainda a presença da prática do aleitamento materno nos menores de um ano, o uso de mamadeiras de forma desnecessária e a sensibilização dos progenitores em prover um local mais adequado para as brincadeiras infantis, com a preservação de espaço. A imunização, a prevenção de acidentes, a procura dos serviços de saúde somente para sanar agravos instalados e o uso de ervas medicinais mereceram destaque na promoção do desenvolvimento infantil. O conhecimento dos marcos deste desenvolvimento ainda necessitam serem discutidos entre família e equipe de saúde. O estudo também revelou que a concretização dos preceitos da ciência de enfermagem somente irá acontecer quando o enfermeiro se sensibilizar para o fato de que, embora a influência cultural ainda permaneça presente nas diversas manifestações do cuidado com a criança, é plenamente possível o convívio harmonioso entre o saber científico e o cultural.