Introdução: Dificuldades no processo de adaptação à dinâmica do ensino superior podem impactar de forma negativa na saúde mental, no bem-estar, no desenvolvimento psicossocial e/ou na formação profissional dos universitários durante a graduação. Em decorrência, esses alunos podem apresentar quedas acentuadas nos padrões de envolvimento acadêmico e/ou desistirem de permanecer no curso superior. Objetivo: Analisar as motivações potenciais para a evasão universitária e a relação com os sintomas de depressão, ansiedade e estresse entre graduandos em Enfermagem. Método: Estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizado com graduandos em Enfermagem de uma universidade pública do nordeste brasileiro. Os dados foram coletados por meio dos instrumentos: Questionário Sociodemográfico, Escala de Motivos para Evasão no Ensino Superior e Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse. Foram incluídos alunos do 1º ao 9º período, com matrícula ativa no curso de graduação em enfermagem. Excluiu-se os alunos com matrícula ativa, mas em situação de trancamento/afastamento. Resultados: 179 estudantes participaram do estudo. Dos sete domínios motivacionais analisados, cinco apresentaram dominância do eixo ‘muito forte’ e foram considerados motivos potenciais relevantes para a intenção de abandonar o curso superior: Vocacionais (72,1%), Falta de suporte (69,8%), Institucionais (69,3%), Carreira (59,8%) e Desempenho acadêmico (38,5%). A análise das relações entre os escores das Escalas DASS-21 e M-ES mostrou correlações significativamente positivas entre os eixos avaliados, com variação de intensidade (fraca e moderada). Para a variável ‘Depressão’, os fatores ‘Interpessoais’ (rs=0,335; p<0,01), ‘Vocacionais’ (rs=0,326; p<0,01) e ‘Institucionais’ (rs=0,300; p<0,01) apresentaram correlação positiva moderada. Para a ‘Ansiedade’, houve correlação positivamente fraca com seis dos sete domínios motivacionais. Para o ‘Estresse’, todos os coeficientes indicaram o padrão de correlações positivas fracas. Discussão: Os desfechos encontrados neste estudo revelam que, embora em intensidade oscilante (fraca e moderada), os motivos para a evasão universitária e os sintomas de ansiedade, depressão e estresse se correlacionam significativamente. Dos sete domínios de motivos analisados, seis apresentaram MFR nulos. Esse resultado sugere que todos as motivações, em caráter multidimensional, têm alguma força de impacto na intenção do estudante em abandonar o curso de graduação. Conclusão: Demonstra-se que os motivos, contextos e fatores preditivos devem ser analisados de forma complementar para o entendimento abrangente do complexo fenômeno da evasão universitária.