NARRATIVAS DE VIDA DE GESTANTES QUE VIVEM COM O HIV
HIV; transmissão vertical; enfermagem
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) que é conhecido no Brasil há mais de 30 anos. O número de pessoas que vivem com o vírus vem aumentando, em especial o número de mulheres em idade reprodutiva. O que emerge a probabilidade da mulher enquanto gestante vivendo com o HIV transmitir o vírus para o filho, o que se denomina de transmissão vertical (TV). Existem medidas profiláticas que devem ser adotada pelas mulheres e profissionais de saúde durante o pré-natal, parto e puerpério que diminuem as chances dessa transmissão. Conhecer a vivência da gestante soropositiva para o HIV nesse processo de gestação pode contribuir com o surgimento de ideias para o enfrentamento da transmissão vertical do HIV e para a melhoria da qualidade de vida da gestante e de seu contexto familiar. Com base na problemática a seguinte questão de pesquisa: como as mulheres que vivem com o HIV vivenciam a gestação? Esse estudo teve como objetivos descrever e analisar as vivências de mulheres gestantes que vivem com o HIV de uma instituição pública estadual de Teresina/PI. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, cujo o método empregado foi a Narrativa de Vida, com dez gestantes que vivem com HIV e estavam sendo acompanhadas no pré-natal na maternidade de referência do Estado. A produção dos dados ocorreu por meio de entrevista aberta e prolongada e a partir dos relatos evidenciaram-se quatro categorias: contexto social marcado pelo estigma; sentimentos pela condição de ser gestante e viver com HIV; busca e adesão ao tratamento:esperança para si e para o filho; rede de apoio da gestante que vive com HIV/Aids. A partir das narrativas das gestantes, percebeu-se que elas possuem um contexto social marcado pelo estigma e preconceito do HIV/Aids que é demonstrado em seus relatos desde o momento da descoberta do diagnóstico pela gestante e, consequente, omissão do diagnóstico para familiares e/ou amigos devido ao medo do preconceito e discriminação. A gestação é permeada de sentimentos de culpa, preocupação e medo relacionados ao risco da infecção ao filho, mas, ao mesmo tempo, há sentimentos de alegria pelo surgimento de um novo ser em sua vida, que pode ressignificar a sua realidade e motivar o enfrentamento de seu problema. Elas referiram dificuldades tanto para realizar o tratamento medicamentoso devido aos efeitos adversos das medicações quanto dificuldades de acesso aos serviços de atendimento especializado a pacientes que vivem com o HIV. Além disso, percebeu-se nessas narrativas que as gestantes contam com uma rede de apoio que as auxiliam no enfrentamento da doença e esta é representada pelo apoio familiar, religioso e de profissionais de saúde.