UM PONTO CEGO NA DESCRIÇÃO HABERMASIANA DA TRADIÇÃO REPUBLICANA: O REPUBLICANISMO NEORROMANO DE PHILIP PETTIT
Republicanismo. Liberalismo. Philip Pettit. Habermas
Este trabalho tem como ponto de partida o debate entre as tradições liberal e republicana, que figuram como duas correntes de pensamento político de grande notoriedade. O alcance e o poder de convencimento destas tradições tem sido objeto de debates acalorados nas últimas décadas. Habermas retoma este debate e aponta falhas tanto no liberalismo como no republicanismo e propõe uma alternativa ao debate, qual seja, a política procedimental deliberativa, que tem a pretensão de unir aspectos do liberalismo e do republicanismo resultando em uma proposta nova de política normativa. O ponto fulcral deste trabalho é uma discussão sobre a justeza da caracterização que Habermas faz do republicanismo. Nosso questionamento surge porque analisando o republicanismo de forma mais ampla, perceberemos que Habermas ignora uma vertente significativa desta tradição, ou seja, a leitura que Habermas faz do republicanismo é muito simplista abarcando no máximo o republicanismo neoateniense. Existe, portanto outra vertente do republicanismo que é ignorada por Habermas, o republicanismo neorromano. Philip Pettit representa hoje uma das vozes que mais defendem o que se vem chamando de revival republicano. Analisando o republicanismo pela perspectiva de Pettit, nos vemos confrontados com a questão de se realmente o ideal conciliatório de Habermas é necessário. Dada a relevância do novo republicanismo, aqui representado na figura de Pettit, nos inclinamos a dizer que se até a metade do século passado ela foi ignorada hoje isso já não é mais possível.