A Suspensão teleológica da ética em Kierkegaard: Uma análise a partir de Temor de Tremor.
Kierkegaard. Fé. Ética. Suspensão.
O trabalho que segue procura elucidar a questão: "Há uma suspensão teleológica da
moralidade?” Na proposta desenvolvida por Kierkegaard em Temor e Tremor. Para
introduzir o problema da pesquisa partiremos da releitura da passagem bíblica na qual
Deus pede a Abraão que sacrifique seu filho Isaque, apresentada pelo pseudônimo de
Johannes de Silentio, em que o hebreu não reluta em obedecer ao pedido divino.
Primeiramente buscaremos fazer uma breve apresentação da obra, expondo algumas
informações sobre o autor e sua contemporaneidade. No segundo momento, a
pesquisa se delimita através de algumas referências colocadas por Kierkegaard, a uma
tentativa de compreender racionalmente Abraão, no objetivo de encontrar, dentro dos
limites da razão, um motivo lógico que justifique o ato do pai de Isaque. Pois, se
assumirmos a moral como horizonte de análise para atitude do patriarca, ele está em
falta, visto que age de maneira contrária a ela, e em função de uma realização
particular. Além disso, qualquer um que queira matar seu filho é um criminoso diante da
moral. Em sequência, tentaremos identificar como a dimensão da ética e da fé se
revela no decorrer da obra. Pois, geralmente, quando falamos sobre ética, somos
remetidos a inúmeras considerações que dificultam caracterizar de maneira objetiva
esse ponto. Também trataremos da fé que, em Temor e Tremor é ao mesmo tempo
falar do absurdo, ou seja, aquilo que está além do alcance do discurso racional, que
segundo Kierkegaard para a pessoa da fé, já não é mais absurdo. Enfim, tentaremos
então, situar, na própria problemática filosófica proposta pelo autor, a discussão da
conflituosa relação entre a moral e a suspensão da moral. Assim, será nesta atmosfera
paradoxal que esse trabalho se desenvolverá na tentativa de responder a nossa
questão fundamental: como o Indivíduo é capaz de suspender a moral, a fim de
assumir um novo telos.