A CIDADE DE CRISTAL: Estratégias de evasão do tempo no discurso identitário de Caxias - MA
História; Tempo; Identidade Cultural; Cidade; Caxias
Entre o final do século XIX e o início do XX, após passar por um rápido processo de industrialização e prosperidade, a cidade de Caxias foi marcada pelo imaginário da belle époque. Na período, a cidade chegou ao ponto de se autodenominar a “Manchester Maranhense”, o que revelava as faces cultural e econômica de um projeto modernizador que exigia a adesão a uma temporalidade linear e progressiva, na qual as existências são dissolvidas em um presumido futuro promissor. Mas a obsolência da incipiente indústria caxiense e seu declínio no mercado internacional acabam por conduzir ao fracasso histórico desse projeto. É quando a cidade começa a ser recoberta, através do esforço discursivo de intelectuais elitistas, com uma tintura identitária que a transmutaria de “Manchester maranhense” em “terra dos poetas” – é omomento da invenção de um discurso identitário que atravessará a cultura da cidade por todo o século XX. Tendo em vista este quadro brevemente descrito propõe-se analisar a emergência/invenção desse discurso identitário como parte substancial de uma reação cultural à decadência econômica das elites caxienses. Nesta reação, francamente discursiva, estaria implícita uma recusa ao tempo linear, para o qual intelectuais caxienses encetariam estratégias de fuga que, por sua vez, acabariam por erigir um tempo-cristal em que passado e presente são continuamente espelhados e alimentados um pelo outro, e que permitiria à cidade manter-se discursivamente suspensa no tempo cristalizado dos signos.