CIDADE DE CRISTAL: IDENTIDADE E EVASÃO NA CULTURA CAXIENSE (1914-1937)
História; Tempo; Evasão; Identidade Cultural; Caxias.
Este trabalho analisa o discurso identitário da“terra dos poetas” como estratégia de evasão do tempo na cultura local de Caxias, médio conglomerado urbano maranhense. Entre o final do século XIX e o início do XX, após passar por um rápido processo de industrialização e prosperidade, a cidade de Caxias foi denominada “Manchester Maranhense”, o que revela um projeto modernizador que exigia a adesão à temporalidade linear do progresso, na qual as existências são dissolvidas em um presumido futuro promissor. Mas a obsolência da incipiente indústria caxiense e seu declínio no mercado internacional resultaram no fracasso histórico desse projeto. A cidade começa, então, a ser recoberta por um esforço discursivo de intelectuais elitistas, com uma tintura identitária que a transmutaria de “Manchester maranhense” em “terra dos poetas”. Tendo em vista este quadro brevemente descrito a pesquisa se propôs a analisar a emergência desse discurso como parte substancial de uma reação cultural à decadência econômica das elites caxienses. Nesta reação, francamente discursiva, estaria implícita uma recusa ao tempo linear, para o qual intelectuais caxienses encetariam estratégias de fuga que, por sua vez, acabariam por erigir um tempo-cristal em que passado e presente são continuamente espelhados e alimentados um pelo outro, o que permitiria à cidade manter-se discursivamente suspensa no tempo cristalizado dos signos da tradição.