A educação durante as primeiras décadas do século XX era percebida como um instrumento de adequação social aos padrões de civilidade trazidos dos países europeus ao Brasil, algo que foi bastante defendido e difundido tanto por intelectuais quanto pelos governantes. Assim foi sendo percebida e desenvolvida na primeira metade do século diante das possibilidades políticas, econômicas e sociais. A educação foi construída como um mecanismo de poder do estado na formação de sujeitos desejados, voltando-se às mulheres e às crianças. Isso possibilitou a formação do entendimento sobre o ensino e a infância, criando uma fase da vida que deveria ser destinada aos ensinamentos e aos cuidados. E também a formação de professoras normalistas influenciadas pelas mudanças provocadas pelo feminismo e o moderno, e os discursos educacionais voltados ao feminino, naturalizando as características maternas, amor e sacerdócio ao ensino infantil. Essas mulheres educadas na Escola Normal passaram a ser percebidas como agentes de ensino do estado junto ao público infantil do Piauí no período compreendido deste trabalho. Este trabalho analisa a educação no Piauí, nas quatro primeiras décadas do século XX, partindo da atuação do poder público na formação e no desenvolvimento do ensino primário e normal para conhecer as normalistas e as infâncias criadas. Para isso, faz-se uso de fontes bibliográficas, jornais do período e documentos oficiais produzidos pelos poderes públicos estadual e municipais, bem como as memórias produzidas sobre esse período da história educacional piauiense.