Em meio às inquietações do presente em que o historiador se vê imerso, a relação entre homens e mulheres, nos seus aspectos amorosos, odiosos e conflitivos, ainda é tema rico e inacabado, mesmo com o amplo progresso nas relações de gênero na contemporaneidade. Vivemos, no ocidente, o período de maior emancipação feminina na história, e, no entanto, vê-se perdurarem ainda velhas ansiedades masculinas e tentativas de controle do feminino, de sua sexualidade, vida pública, etc. Nesse sentido, a problemática do capítulo vem à tona: trazer o enfoque, na sociedade teresinense das primeiras décadas do século XX, a um dos aspetos interessantes nessa “luta” entre os sexos: o medo com que os homens desse período receberam a nova mulher que estava emergindo, saindo do âmbito doméstico, trabalhando para complementar a renda familiar, exigindo igualdade perante o homem, reivindicando as mesmas liberdades no seio social. Para tanto, partimos de uma análise de fontes resumidas nas crônicas Notas Mundanas, Demônios, O feminismo, presentes no jornal Chapada do Corisco, a primeira, e Arrebol, as seguintes; poesias de Zito Batista, Lucídio Freitas e Lincoln F. Guimarães, e o conto A predestinação, de Clodoaldo Freitas, todos estes literatos atuantes no período. Os personagens e os autores desses escritos tinham em comum a ansiedade perante essa nova mulher, que aparece sempre como distante, impalpável, escorregadia, ambivalente.