TORQUATO NETO E SEUS CONTEMPORÂNEOS: vivências juvenis, experimentalismo e guerrilha semântica em Teresina
História do Brasil. Arte experimental. Torquato Neto. Geração mimeógrafo.
: Este trabalho trata-se de um estudo que visa localizar Torquato Neto como personagem referencial de uma parcela da juventude piauiense que, a partir dos anos 1970, produziu uma série de manifestações de arte e cultura experimentais em Teresina (PI). O referido grupo, formado, num primeiro momento, por jovens cuja idade variava entre os 16 e os 20 e poucos anos, se apresentam como atuante num contexto urbano de modificações pelo qual passava a cidade, localizada, nesse momento histórico, entre o provincianismo urbano e uma onda modernizadora, que afetava não apenas seu campo físico-urbanístico quanto as subjetividades latentes, expressas em vivências, comportamentos, sexualidade, sociabilidades e maneiras múltiplas de apropriação da linguagem. Partindo da leitura de fontes diversas, que dão a ler as mudanças que se operavam na capital piauiense, Torquato Neto é colocado em cena, relacionando-se com personagens como Arnaldo Albuquerque, Durvalino Couto Filho, Edmar Oliveira, Haroldo Barradas, Xico Pereira, Carlos Galvão, dentre outros, e, junto com eles, peripeciando seu entorno. Nesse sentido, o trabalho toma Torquato não apenas como uma figura atuante na “invenção” da Tropicália, mas como enunciador de uma série de prescrições sociais que seriam absorvidas e ressignificadas por seus contemporâneos. Os refluxos de sua obra, por sua vez, são aqui tomados em fragmentos das letras e das artes piauienses, expressos em cinema super-8, literatura e música. Problematizando, a partir da categoria teórica de geração, o tempo histórico no qual se localizam tais personagens, pretende-se indagar em que condições de existência é possível falar em uma “Geração Torquato Neto” em Teresina.