Com o intuito de evidenciar as mudanças desejadas para a cidade de Teresina no início do século XX, as quais repercutiram e se fundiram ao modo de construir e se apropriar dos espaços das casas que abrigavam as famílias teresinenses mais abastadas da capital piauiense nas décadas de 1900 a 1920, construíram-se os trajetos dessa pesquisa. Para tanto, esse estudo guiou-se pelos referenciais da história cultural, visando a analisar e refletir sobre as mudanças na arquitetura das casas teresinenses que progressivamente se alteraram do estilo colonial (rural) para o eclético e, consequentemente, implicaram a adesão a novos ordenamentos sociais nos espaços privados e públicos. Tais vicissitudes provocaram, ainda, mudanças nas sociabilidades e nos relacionamentos entre os indivíduos, os costumes, os hábitos e as práticas culturais; além de modificações na forma de conceber a casa, seus espaços e as relações entre os sujeitos que a coabitam, transformando-a em um lar doméstico. Para sobrelevar as mudanças no espaço doméstico teresinense, o estudo percorreu múltiplas fontes históricas, a saber: fontes bibliográficas, que proporcionaram referenciais teóricos e metodológicos para o desenvolvimento do trabalho; fontes hemerográficas e fontes literárias (principalmente obras escritas por Abdias Neves, Clodoaldo Freitas e Lili Castelo Branco), cuja análise, a partir da relação História & Literatura, forneceu a percepção do ser família teresinense e os ideais constituídos para esta no período pesquisado; fontes iconográficas e imagéticas, que oportunizaram compreender as alterações (materiais) urbanas e a arquitetura doméstica teresinense. A variedade de fontes históricas utilizadas, congregadas ao embasamento teórico-metodológico, forneceram o suporte necessário para o desenvolvimento desse trabalho, à medida que os dados e reflexões fizeram emergir um arcabouço maior de análises e compreensão sobre a realidade histórica da capital teresinense até a década de 1920, cuja população (con)vivia entre a dicotomia da modernidade do século XX ardorosamente desejada e tradição (apego) rural do século XIX.