Este trabalho tem como problemática: perceber como os filmes Xica da Silva (1976) e Bye Bye, Brasil (1979), ambos do diretor Carlos Diegues, se estabelecem no momento sócio-político da ressaca dos processos culturais da década de 1960 e a ansiedade pela abertura política, que só se configuraria na década de 1980? Operacionalizando os conceitos de Espaço de experiência, Horizonte de expectativas de Reinhart Koselleck, e de Representação, de Roger Chartier, buscamos analisar como o contexto histórico relacionado à época de produção dos filmes foi representado nas películas. Jacques Aumont e David Bordwell ofereceram suporte para o estudo das visualidades, a partir da articulação entre narrativa e imagens nos filmes. A metodologia desta pesquisa consistiu no estudo de fontes documentais e de base bibliográfica a respeito do cineasta Cacá Diegues, e de condições de historicidade referentes ao período de produção e lançamento dos longas-metragens, mediando o conteúdo fílmico ao seu contexto de produção, circulação e receptividade. Para nos ajudar a compor a relação dos filmes com seu enunciador e com o público também foram utilizadas críticas sobre as produções. As fontes traduzem-se em jornais das décadas de 1960, 1970 e início de 1980, revistas do período especializadas em cinema, como a Revista Filme e Cultura e os filmes propriamente ditos.