Resumo: A pesquisa foi construída em diálogo com as Comunidades Quilombolas de Barro Vermelho e Contente, localizadas no município de Paulistana – Piauí. Apesar da memória/oralidade nos direcionar para registros históricos de 1785 da remanescência de organização territorial e social em torno de Elias Mariano como primeiro morador da Comunidade Contente, o recorte temporal se inicia a partir das duas primeiras décadas no ano 2000, momento de rediscussão da escravidão do negro na sociedade brasileira. Nesse período, o conceito e significados do ser quilombola começam a serem assumidos e reivindicados como forma de legitimar direitos e de reconhecimento social. Ocorrida também à ampliação das políticas públicas para populações indígenas e quilombolas e, por fim, uma larga expansão das políticas de titulação e regularização fundiária, subsidiadas, sobremodo, pela Fundação Palmares e INCRA. Nesse mesmo contexto, as comunidades Barro Vermelho e Contente iniciam o debate em torno das questões identitárias do ser negro no sertão do Piauí e passam a encarar as transformações locais, a exemplo dos processos de modernização, como a Transnordestina, bem como as políticas educativas do Estado, sobretudo aquelas aplicadas na Unidade Escolar Eusébio André de Carvalho, a partir de um forte viés étnico e de reconhecimento quilombola. É, portanto, na interseção entre história, modernização e práticas educativas voltadas à população quilombola que esta pesquisa se insere. Assim, com o objetivo de analisar a construção da etnicidade a partir da experiência como forma de desconstrução das subalternidades e que verse pelo autoreconhecimento quilombola, buscamos traçar as múltiplas experiências históricas silenciadas em torno das populações negras do Piauí. Desse modo e por meio da história oral, inicialmente entrevistando idosos, líderes das Comunidades acima citadas, além do uso de questionários destinados aos professores (as) e com o suporte teórico de autores pós-coloniais possamos nós compreender por meio deste trabalho que as lutas do presente não são apenas por uma visibilidade baseada na representação, mas de reconhecimento das experiências enquanto vozes ativas e altivas que constroem e consolidam um ser e fazer-se afrodescendente nas e das Comunidades.