A mulher pobre que viveu em Teresina entre 1970 e 1991 encontrou nos rios da cidade a saída para sua sobrevivência, para resistir à cidade em suas mais variadas formas de exclusão social. E para isso, recorreu ao trabalho relacionado aos seus hábitos, que não exigia alto nível escolar ou intelectual, o que garantiu às mulheres pobres uma forma de renda básica. Compreender o contexto social que permeia a construção do Centro Materno-Infantil Lavanderia de Teresina na década de 1970, em meio à ideia de progresso que o país vivia e começava a crescer, indica que as variantes que compõem essa intenção ultrapassam o bem-estar e providências respeitantes ao trabalho de mulheres pobres, aqui discutido através da atividade das lavadeiras de roupas, dos rios e das lavanderias comunitárias. Assim, é caracterizado esse ofício, mostrando, através disso como se relacionam com a cidade por meio de uma observação sobre o espaço físico onde as lavadeiras trabalhavam, referindo-se aos rios, e posteriormente a transferência destas para a lavanderia comunitária construída pelo poder público. Para este fim, foram utilizados jornais publicados no período e mensagens governamentais. Realiza-se a análise sobre a cidade, sua estrutura física alterada e a modificação da relação entre a urbe e seus moradores ao ressignificarem suas memórias.