A TERRA PROMETIDA: religiosidade e política no pioneiro Assentamento do MST em Marrecas, São João do Piauí - PI
Movimentos sociais. Comunidades Eclesiais de Base. Reforma Agrária
No debate herdado do contexto do Concílio Vaticano II (1962-1965), onde houve para muitos uma maior flexibilidade nos regramentos católicos, o embasamento teológico da Teologia da Libertação direcionou as ações das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) para uma descentralização em relação às estruturas de poder do catolicismo na América Latina. No Brasil, nos anos 1980, foram sensíveis as mobilizações das CEBs e suas ações em prol dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. A questão da Reforma agrária, dos direitos pela terra foram pontos relevantes de discussão entre católicos, comunistas e o Estado nesse período. Levando em consideração a importância desse período no Brasil, a intenção desse trabalho é analisar e discutir como essas comunidades implementaram suas ações no semiárido do Piauí, principal foco de suas ações nesse Estado nos anos 1980. Destaca-se nessa discussão o debate sobre a seca, a questão agrária e os conflitos políticos e religiosos na constituição das CEBs no semiárido piauiense. O Trabalho está estruturado em três capítulos e a análise apoia-se em fontes orais, hemerográficas e bibliográficas, principalmente na escrita de autores piauienses, tendo como carro chefe a memória dos militantes das CEBs e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A principal base teórica desse trabalho é o conceito de experiência em E. P. Thompson (1984), que afirma que os sujeitos entram “involuntariamente” nas formações sociais e nelas se movem, acomodando-as em seu cotidiano e reinventando-as em suas consciências.