O presente estudo objetiva compreender, historicamente, a inserção feminina na Polícia Militar do Piauí, examinando os percalços enfrentados pelas policiais na realização de seu trabalho na corporação militar e registrar se elas sentem que seu trabalho é valorizado no meio institucional. O recorte temporal inicia-se em 1985, tendo como ponto de partida a entrada das duas primeiras oficiais femininas na organização, até o ano de 1998, quando é sancionada a Lei de Unificação dos Efetivos. O corpo feminino da tropa compôs a Companhia Feminina a partir de 1993 existindo até o processo de junção dos quadros, onde se estabelecia como um lugar de contradições, fornecia espaço para as agentes, porem deixaram-nas aquarteladas e separadas do masculino e obtendo postos menores. Tensões internas, bem como a necessidade de galgar outros postos hierárquicos, fomentaram a criação de um projeto de lei que visava a união e assim possibilitasse a ascensão das policiais. Para contar essa história, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, com vistas a compor arcabouço teórico capaz de fornecer suporte às discussões propostas na pesquisa. A coleta de dados junto a Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) facilitou a percepção do panorama institucional. Através dos Boletins do Comando Geral verifica-se parte da dinâmica corporativa, o quantitativo e os locais de trabalho dos policiais como forma de possibilitar o entendimento dos espaços de atuação que a organização designa para os gêneros e onde são constituídos também espaços de poder. A análise do estatuto e dos regulamentos apontam para as prerrogativas normativas as quais os militares são submetidos. A entrevista em história oral permite tornar as agentes protagonistas e narradoras de uma história que está sendo escrita cotidianamente. Para fundamentação teórica, trazem primorosas contribuições autores como Scott (1990) Cappelle e Melo (2007), Souza (2009), Silva (2018) dentre outros.