A presente pesquisa analisa a relação entre os engajamentos de mulheres religiosas no que se refere às práticas católicas na cidade de Picos, Piauí, entre os anos 1944 e 1970, buscando compreender de quais maneiras essas personagens colaboraram na formação da tessitura do catolicismo na urbe, mediante um contexto onde a Igreja católica brasileira buscava se consolidar socialmente através do catolicismo de caráter romanizado, fazendo uso da contribuição feminina para alcance de tal objetivo. Guiados pela perspectiva da história cultural, discutiremos as representações que a Igreja católica desempenhava a nível local no que tange as relações sociais, evidenciando os mecanismos utilizados para a formação e a sustentação de identidades religiosas femininas, bem como as significações que as vivências de práticas católicas acarretavam para as experiências femininas. Utilizaremos de um corpus documental, formado por fotografias, jornais locais, dados censitários, revistas, documentos eclesiásticos e relatos de memórias de religiosas através da metodologia da História Oral, somado ao suporte teórico de autores que permeiam as temáticas abordadas na proposta desse trabalho, pelo meio do qual busca-se construir uma produção que venha a somar na historiografia e se inserir em possibilidade de compreensão das representações de experiências cotidianas de mulheres que eram despertadas pelo sentimento de pertencimento religioso e que, a partir disso, reconstruíam os seus ordinários, obtendo, muitas vezes, benefícios proporcionados por essa vinculação, nos possibilitando compreender que analisar o relacionamento de mulheres com a religião unicamente a partir da perspectiva normativa seria desconsiderar a dialética das relações sociais.