Em 9 de abril de 1897, nos sertões de dentro no Estado do Piauí, foi construída a Fábrica de Laticínios Puro Leite dos Campos. Modificando o cenário rural com elemento moderno, fazendo nascer, anos mais tarde, a cidade de Campinas-PI. Após a implantação da fábrica verificou-se algumas mudanças e impactos sobre a população que morava em torno do prédio, visto que a chegada da energia com o funcionamento da indústria era algo inédito na região, os maquinários que sediavam a fábrica eram como peças exóticas causando um misto de medo e fascínio, a água conduzida de reservatórios por meio de encanação consistia em uma engenharia nova naquele espaço. As mudanças nas relações de trabalho também se fizeram sentir no momento em que o trabalho escravo é substituído pelo trabalho assalariado, ocasionando novas concepções de trabalho numa área em que predominava meios de produção rudimentares próprios do ambiente agrário. O engenheiro que idealizou tal projeto, Antônio José de Sampaio, tem sua trajetória marcada pelas suas ações conflitantes com o mundo tradicional. Portanto, partimos do seu itinerário como arrendatário das Fazendas Nacionais para chegarmos à luz da problemática central que este trabalho perscruta que é a análise sobre a construção da memória coletiva da fábrica de laticínios do Piauí, tendo como propósito principal extrair as representações dos grupos sociais que partilham essa memória em torno da indústria. As questões que norteiam o objetivo central da pesquisa estão circunscritas às impressões e impactos causados com a implantação da fábrica no sertão piauiense, a história oral se impõe como instrumento metodológico fundamental para a análise dessas representações.