Esta pesquisa analisa a história e a memória dos migrantes rurais e a suas ocupações no bairro Piçarra, em Teresina, entre 1945 e 1970. Toma-se como mote o bairro Piçarra, este bairro- objeto constituiu-se uma região de acolhimento de um expressivo número de migrantes rurais. Nesse recorte espacial, analisou-se a pujança comercial, as representações sobre as redes de sociabilidades inseridas nessas áreas, a exemplo do Morro do Querosene. Como fontes analisadas, adotaram-se periódicos da época, dentre eles os jornais O Piauí, Jornal do Piauí, A cidade, Folha da Manhã e O Dia, e as fontes orais, sendo estas últimas operacionalizadas por meio da metodologia da História Oral. A discussão dos temas desenvolve-se em compasso com a literatura dedicada aos estudos sobre cidade, baseada em Calvino (1990) Carlos (2003, 2001), Resende (1997) e, sobre Teresina, pode ser citada a obra de Nascimento (2015), que contém um estudo sobre a modernização da cidade de Teresina na década de 1940. Somam-se ainda as contribuições de Certeau (2008, 2011), Rolnik (1995), Mayol
(2013), Fontineles e Sousa Neto (2017), Velho (2002) e Chartier (2002). Algumas concepções profícuas sobre a memória subsidiam-se na produção de Bosi (1994), Halbwachs (2003), Le Goff (1990), Seixas (2004), Amado (1995), Pollack (1992) e outros. A pesquisa aponta que as ocupações irregulares coincidiam com as áreas de promiscuidades, assim classificadas à época, e o bairro Piçarra era alvo de intensa discriminação. Todavia, observou-se que a vida dos migrantes, mesmo com suas divergências nesses espaços periféricos, manteve-se presente na “memória coletiva” da cidade, através das suas práticas cotidianas, sentimentos de pertencimento e de identidade