Este trabalho constitui um esforço de estudar historicamente, a pretexto do jornalista e intelectual paulista Júlio de Mesquita Filho, parcela dos projetos de Brasil e esforços de consolidação de ideologias da Cultura brasileira elaborados entre a década de 1920 e a década de 1960. Nesses termos, objetivamos analisar as condições históricas de existência que possibilitaram diferentes projeções discursivas sobre o país, bem como a frequência de inserção dos ditos e escritos do referido personagem, dirigente do jornal O Estado de São Paulo, no sentido de contribuir para a definição dos moldes de tais projetos. Ao lado da análise das práticas discursivas, os engajamentos bélicos e exílios do sujeito-signo central são abordados para fazer inteligível algumas das suas posições a partir do estudo de experiências subjetivas individuais e compartilhadas. Além disso, pretende-se problematizar os exercícios de autobiografia, ou a “aventura de contar-se” de Mesquita Filho, e seus notáveis diálogos com outras figuras do cenário político e intelectual brasileiro no período vigente, a exemplo de Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Jorge Amado, Darcy Ribeiro, Paulo Duarte, Assis Chateaubriand e Oliveira Vianna. Por fim, se dedica a observar as diferentes estratégias de evasão e fabricação do tempo empreendidas pelo personagem, como desejo de estabelecer uma cristalização da imagem de Brasil ao mesmo tempo que vivenciava fraturas severas em sua ontologia. São fontes centrais para a escrita: correspondências, depoimentos obtidos em arquivos, livros escritos por ou sobre os personagens envolvidos, além de documentos pessoais. Como fontes hemerográficas, trazemos algumas edições do jornal O Estado de São Paulo, da Revista do Brasil e a Revista Klaxon. Funcionando como referências bibliográficas, se destacam os historiadores Carlos Guilherme Mota e Nicolau Sevcenko, bem como os filósofos Gilles Deleuze e Felix Guattari, que ajudam a estruturar a espinha teórico-metodológico da dissertação.