A Dissertação buscou compreender a trajetória dos folhetins nos periódicos teresinenses e
suas representações socioculturais entre 1871 a 1903. O suporte desenvolvido no interior do
jornal encontrou, no final do século XVIII, período de florescimento, tonando-se um
fenômeno no século posterior, modificando as relações entre o mercado, a arte e o consumo.
Nesse sentido, eleger o recorte temporal da pesquisa se justifica por dois aspectos. Primeiro,
por observar uma maior recorrência de publicações folhetinescas nos periódicos impressos da
capital piauiense do período. Segundo, por perceber as transmutações ocorridas na fórmula,
sobretudo nos primeiros anos dos novecentos. Nem sempre eles se apresentaram no rodapé
dos jornais, lócus que originalmente ocuparam. Ao longo do tempo, eles se verticalizaram,
invadindo, por vezes, o espaço das colunas dos jornais. Esse fato é observável, por exemplo,
nos folhetins dos periódicos teresinenses. Analisar como tais dinâmicas se processavam no
recorte proposto se constitui também como esforço desta Dissertação. Aqui, os folhetins
foram analisados em sua multiplicidade, por meio da publicação de romances, crônicas,
poesias e até da sua própria recepção, no sentido das instâncias de produção, consumo e
apropriação. Para analisar o referido escopo documental, utilizamos as discussões
desenvolvidas por Meyer (1996), Nadaf (2002), Dumasy-Queffeléc (2011) e Trizzotti (2016),
significando os folhetins como espaço tipográfico e gênero; as ideias de representação e
apropriação de Chartier (1989; 2001); bem como as aproximações entre os campos da
História e Literatura, propostas por Cândido (2000) e Lima (2006). Partindo das referidas
problematizações como norte, analisamos os usos e as imagens das produções folhetinescas
nos periódicos teresinenses, suas intencionalidades, ao revelar uma escrita de caráter
instrutivo e moralizador, e os sentidos políticos que podemos apreender por meio das
polêmicas publicadas no suporte. Metodologicamente, foram analisados 55 folhetins, à luz do
referencial teórico e historiográfico, quanto ao conteúdo e à forma, com o intuito de entender
como eles são significados, ao tempo em que seus produtores ajudam a significá-los. O estudo
considerou que os folhetins leem, produzem e imprimem as visões de mundo no qual estão
inseridos. São narrativas e representações que (re)constroem histórias e memórias imersas em
práticas que denotam os múltiplos conflitos do cenário teresinense daquele momento.