A presente dissertação tem por objetivo analisar a atuação da imprensa escrita de ampla circulação em Teresina, durante a primeira metade da década de 1970. Buscamos compreender como jornalistas e empresas jornalísticas agiram diante das legislações burocráticas do Estado, entender a dinâmica duma relação marcada pela coerção e a colaboração. O período em estudo carrega marcas de um regime discricionário, caracterizado pela aplicação de limitações autoritárias como a “censura prévia” aos meios de comunicação. Concomitante a isso, observa-se a proliferação de discursos otimistas e enaltecedores do contexto político em diversos desses meios. O contato imediato com essa informação faz essa posição parecer ilógica, como se as vítimas apoiassem o próprio algoz. Busca-se, então, compreender os traçados que contornavam os discursos políticos na imprensa desse período. A pesquisa toma como suporte três suplementos informativos teresinenses: Estado do Piauí, O Estado e O Dia, analisando aspectos transitórios entre a coerção e persuasão nas páginas desses periódicos. Ressalta que, nesse momento, o Piauí encontrava-se governado pelo engenheiro Alberto Tavares Silva, sujeito cuja trajetória política perpassa todo o texto. O presente estudo constitui-se de uma pesquisa de caráter empírico, com dimensões metodológicas balizadas pelas discussões de História e Imprensa, a partir de documentos oficiais e de matérias jornalísticas do período, que são analisados a partir da interlocução com os estudos de Robert Darnton (2016), Anne-Marie Smith (2000), Beatriz Kushnir (2012), Carlos Fico (2008) e Cláudia Fontineles (2015).