O presente estudo versa sobre a história e a memória da indústria de laticínios no
município de Campinas do Piauí entre as décadas de 1923 a 1947. Tem como ponto de partida
fazer um escorço da trajetória do engenheiro piauiense Antônio José de Sampaio enquanto
arrendatário das Fazendas Nacionais do Piauí e sua relação com a sociedade agrária no século
XIX para, assim, chegarmos à luz da problemática central que este trabalho perscruta que é a
análise sobre a construção da memória coletiva acerca da indústria de laticínios através de
sujeitos que tiveram suas experiências ligadas a vida na indústria ou em torno dela. Construída
em 9 de abril de 1897, nos sertões de dentro, a Fábrica dos Campos demarcou a transformação
do espaço modificando o cenário rural, fazendo nascer, anos mais tarde, a cidade de Campinas-
PI, trouxe mudanças nas relações socioeconômicas, foi signo de conflitos políticos
configurando o cenário das elites agrárias. Por fim, estabeleceu por excelência a constituição
de um lugar de memória para os grupos demandam significados e simbologias ao prédio. Dessa
forma, as questões que nortearam essa pesquisa estão circunscritas às impressões e sensações
causadas com a implantação da fábrica no sertão piauiense. A história oral se impõe como
instrumento metodológico fundamental para a discussão das fontes orais. Também se utilizou
fontes hemerográficas, dossiê, petições, relatórios, material iconográfico e outros. A discussão
é fundamentada sobre as teorias de Maurice Halbwachs (1990), Michel Pollak (1992), Paul
Ricoeur (2007), Pierre Nora (1993) e Jacy Seixas (2004).