Em dezembro de 1977 foi lançado em Parnaíba um jornal mimeografado, em formato tabloide,
alternativo, intitulado Inovação. Seus idealizadores, Reginaldo Costa e Francisco Ribeiro,
tinham como intenção apresentar à cidade um veículo de informação que levasse aos
parnaibanos notícias sobre questões culturais, políticas, econômicas, sociais e infraestruturais
tanto a nível local quanto nacional, para isso, se utilizavam de charges, poesias, crônicas e
artigos, muitos deles com linguagem escrachada. O jornal teria como meta despertar nos
parnaibanos o desejo de lutar pela melhoria da cidade através do desenvolvimento de uma
cultura política entre seus habitantes. Se auto afirmando como produto jornalístico diferente e
inovador dentro da cidade, tinha em seu nome o próprio significado de seus propósitos:
Inovação. Tomando este jornal como objeto de estudo, a presente tese, ambientada dentro das
discussões teóricas de História e Mídia, teve como objetivo principal investigar a prática
escriturística deste periódico, atentando para linha editorial, projeto gráfico, colaboradores e
projeto sócio-político contidos no mesmo. Como objetivo específico, analisamos o conceito de
imprensa alternativa, bem como o contexto político, econômico e social nacional e local no
qual esteve imerso. Nosso argumento de tese é que o jornal Inovação apresentou
particularidades e contradições, baseados sobretudo em sua prática escriturística, que o
distinguem do conceito de imprensa alternativa consagrado pela literatura especializada, o que
o torna singular se comparado aos jornais alternativos que emergiram no eixo Rio-São Paulo
no tempo da ditadura civil-militar. O recorte espacial desta pesquisa é a cidade de Parnaíba-PI,
lugar onde surgiu e foi veiculado. O recorte temporal leva em conta o próprio período de
emergência, produção e circulação ininterrupta de nosso objeto de estudo, que vai do de 1977,
ano da sua primeira edição, a 1988, ano de sua última edição. Compõem nosso universo
empírico as fontes hemerográficas, entrevistas orais, imagens e obras de cunho memorialístico.
Para a abordagem das fontes históricas, foram utilizados os seguintes procedimentos
metodológicos: análise do discurso, análise de imagens, análise de fontes hemerográficas e
história oral temática. Para a construção desta tese, foram fundamentais a interlocução com
autores como Michel de Certeau, Roger Chartier, Robert Darnton, Bernardo Kucinski, Claudia
Fontineles, Sonia Mendonça, dentre outros.