"AS RELAÇÕES CONJUGAIS NO PIAUÍ OITOCENTISTA: UM ESTUDO SOBRE CASAMENTO E DIVÓRCIO"
Família. Casamento. Divórcio
Esta dissertação propõe analisar as relações familiares e as relações conjugais na sociedade piauiense do século XIX, a partir de um estudo das práticas referentes ao casamento e ao divórcio. Discute-se o processo matrimonial observando como arranjos conjugais e escolhas familiares eram realizados, muitas vezes, em consonância com as estruturas socioeconômicas e políticas do Estado e da Igreja Católica. São abordadas as discussões sobre casamento e divórcio realizadas na época, bem como, os aspectos da vida conjugal e as práticas ditas como condenáveis pela moral da sociedade. A documentação essencial para a pesquisa compõe o Acervo da Arquidiocese de São Luís, localizado no Arquivo Público do Estado do Maranhão, onde foram escolhidos os processos cíveis de libelo de divórcio, nulidade de matrimônio, justificação de sevícias e dispensa matrimonial, referentes à Província do Piauí. Estes processos guardam um riquíssimo valor histórico, uma vez que, sob o olhar atento dos historiadores, podem revelar zonas obscuras da convivência do casal num tempo diferente do nosso. Portanto, são fontes importantes para o entendimento das relações familiares, relações de gênero e os valores morais que regiam a sociedade piauiense oitocentista. Também compõe o acervo documental as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, visitas pastorais, lista e mapas de casamentos, relatórios e mensagens governamentais, jornais, memórias, biografias e genealogias. Argumenta-se que os casamentos foram utilizados pelas elites piauienses para unir famílias com tradições políticas e econômicas fortes. A essência destas uniões construiu um cotidiano de relações conjugais, por vezes conflituoso, onde eram comuns os adultérios e sevícias. Dessa forma, a separação do casal aparece como alternativa ao dia-a-dia de injúrias, mas principalmente, como elemento de preservação do patrimônio familiar.