O sertão se descortina como palco privilegiado de nossa análise, cenário de investigação das relações de poder do cangaceiro Lampião com coronéis e o posicionamento destes no combate a Coluna Prestes, quando de sua passagem pelo sertão nordestino, entrementes, envoltos numa conjuntura conflitiva, a década de 1920, que setores da sociedade elegeram como temas de emergência: transformações sociais, políticas e lutas por cidadania. Esta obra comporta três partes nitidamente delimitadas pelo tema e pelo método. A primeira, que enfoca o cangaço nos sertões, numa abordagem que supõe ser inovadora. Desde o seu desenvolvimento, as modalidades, imanências e territorializações que chegaram até o Piauí para homiziar-se ou fazer travessias. A segunda secção, dedicada as relações de poder entre coronéis e cangaceiros, por força de “gravidade” destaque maior para Lampião, seus protetores e coiteiros. As redes capilares de poder construídas e o apoio logístico de coronéis a bandoleiros, através de vários vasos comunicantes. A terceira, que culmina numa meditação, no sentido de investigar as travessias da Coluna Prestes pelos sertões nordestinos, o cerco que promoveu a Teresina, a estratégia do governo federal de formar destacamentos de guerra movél, os batalhões patrióticos, para combater os tenentistas e neles a incorporação de Lampião transformado em “legalista”. Discutir a cobertura da imprensa por meio dos jornais e as repercussões no Congresso Nacional através de múltiplas vozes, a polifonia da experiência dos sertanejos diante da Coluna Prestes por intermédio dos literatos e as reverberações desta experiência. O texto de nossa lavra constitui-se dessa tríade, são velames entrelaçados, mas distintos, eles são constituintes de uma mesma embarcação, destinada a empreender uma só e única navegação. Na labuta de construção deste trabalho fizemos nos acompanhar de um instrumental teórico metodológico, que forneceu um cabedal capaz de abordar as fontes com criticidade. Quanto aos conceitos, adotamos os cuidados com os acordes, polissemia e sua historicidade, nestas travessias pelos sertões do nordeste do Brasil, no espaço tempo da segunda década do século XX. Palavras-chave: Sertã