Este trabalho tem como objetivo principal compreender de que modo os processos macro e
micropolíticos do Brasil recém-democratizado aparecem nas telenovelas do dramaturgo
brasileiro Gilberto Braga, entre 1988 e 1995. Cabendo indagar, por exemplo, que valores
macropolíticos (tais como inflação, desemprego, mudanças de moedas, eleições, etc.) e
micropolíticos (valores éticos e corrupção, relações de gênero e sexualidade) se desdobram, de
forma indissociada, nas tramas do autor. Nesse sentido, foram analisadas as obras Vale tudo
(1988-1989), Dono do mundo (1991-1992), Anos Rebeldes (1992) e Pátria minha (1994-1995),
buscando entender a representação do contexto político, social e cultural do Brasil no final dos
anos 1980 e meados dos anos 1990, no intuito de analisar o contexto de produção de
teledramaturgia brasileira, notadamente da Rede Globo de Televisão, inserida no interior das
condições históricas de existência do Brasil entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990,
e, no interior delas, as configurações das produções em questão, discutindo de que forma são
apresentadas nos mesmos veículos. Para uma compreensão dessas questões, as bases teórico-
metodológicas desse estudo foram fundamentadas em: Félix Guattari (2000), Suely Rolnik
(2000), Eugênio Bucci (2005), Ulpiano T. Bezerra de Menezes (2003), Gilles Deleuze (1985),
Mauricio Tintori Piqueira (2010), Jorge Ferreira (2018) e Angélica Müller (2018). Além disso,
o estudo recorreu aos debates historiográficos levantados por Schwracz; Starling (2015), Mota;
Lopez (2015), Caldeira (2008), e Linhares et al (1990), para pensar a trajetória brasileira. O
estudo considerou que a teledramaturgia produzida por Gilberto Braga permite perceber as
interconexões entre História e Arte, com as potencialidades de interpretação da realidade
brasileira do interstício proposto.