O estudo propõe abordar o processo de ocupação recente do oeste do Maranhão, parte
integrante da chamada Amazônia Legal, entre as décadas de 1960-1980. A ênfase recai
no aparelho de Estado e nas políticas públicas empreendidas pelos governos militares
(1964-1985), nas quais fixava-se como meta a ocupação e controle dos espaços
amazônicos, considerados, segundo as falas oficiais, uma área de “vazio demográfico”, a
fim de desenvolvê-los economicamente e conectá-los aos grandes centros econômicos do
país e do mundo. Ao longo desse recorte temporal o Maranhão ganha espaço no cenário
nacional, assumindo protagonismo na política dos grandes projetos de desenvolvimento
do Estado (empreendimentos agrícolas, pecuários, minerais, madeireiros etc.) e da
expansão da fronteira agrícola. As estratégicas governamentais para a ocupação desse
território sustentaram-se em diversos projetos como a construção da rodovia Belém-
Brasília (1960), a implementação da Lei Estadual de Terras (1969), os projetos de
colonização (1970) e o Projeto Grande Carajás (1985). Nessa configuração espacial, a
dimensão política dos espaços constitui-se em tema nuclear. O que implica pensar como
a Amazônia surge como fruto das disputas de poder, de estratégias e táticas que atuam na
construção dos recortes espaciais. Ademais, tenta-se apreender algumas linhas de
direcionamentos voltadas para a problematização das fronteiras e das identidades
espaciais, com o intuito de investigar o tecido sobre o qual se forjou a Amazônia
maranhense através da análise dos regimes de verdade, que reinventam a natureza, que
orientam e direcionam os deslocamentos sociais, que estimulam as políticas
governamentais e, também, nas diferentes territorialidades constituídas nas relações entre
os diversos grupos.