O objetivo deste trabalho é analisar as ressonâncias do projeto político sanitário nacional no Piauí entre 1920, período da criação de uma legislação sanitária de nacional, e 1938, quando os efeitos da Reforma Capanema encerraram as políticas sanitárias criadas na década anterior. O Departamento Nacional de Saúde Pública e o Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural, atuantes a partir de 1920, foram os resultados práticos do Movimento Sanitarista iniciado na década de 1910 através das viagens científicas executadas pelo Instituto Oswaldo Cruz. Em tom de denúncia, as excursões resultaram na divulgação do mapeamento das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil e diagnosticaram as condições das populações do interior do país. Analfabetismo, falta de assistência médica e doenças endêmicas constituíram a fórmula para justificar a debilidade dos habitantes dos lugares visitados pelos cientistas e alertaram para situação insalubre que favorecia a proliferação de doenças: sífilis, tuberculose, leishmaniose, impaludismo, entre outras. No Piauí, os desdobramentos práticos desta movimentação surgiram a partir da instalação dos Postos de Saneamento estaduais e, posteriormente da implantação do Serviço de Saneamento Rural no Estado, em 1924. É importante destacar que este processo contribuiu para conformar um novo modelo de organização sanitária na saúde pública piauiense através da criação dos Postos Sanitários e do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural. Para tanto, foram analisados relatórios médicos e de governos locais, legislação nacional e estadual, jornais, memórias e teses médicas.