No Brasil, entre os anos de 1824 a 1850, ocorreram inúmeras revoltas, levantes, insurreições e ajuntamentos, entre eles Balaiada e as Revoltas Liberais de 1842, ambas com características semelhantes, e participação de um conjunto de pessoas que ora ou outra figuravam como líderes nessas variadas revoltas. Fortemente influenciada por um consenso escriturístico do século XIX, foi se constituindo uma linha historiográfica partindo da visão do Estado, da Ordem e da legalidade, alicerçando a história e a memória dos vencedores como a oficial. Nessa dissertação, faz-se leitura e interpretação dos movimentos da Balaiada e Ajuntamento do Exú, a partir de uma análise que privilegia a voz do vencido. Assim, encontrou-se em Lívio Lopes Castelo Branco e Silva – fazendeiro de família importante do Piauí –, o objeto de estudo capaz de revelar em grande medida a dinâmica política do Piauí e do Norte, bem como um projeto político que se contrapunha ao modelo político vitorioso emanado da Corte. Nesse sentido, a partir do estudo desse sujeito, analisam-se a dinâmica político-social nortista, os conflitos no jornalismo partidário, bem como as tensões sociais causadas pelas revoltas, que eram consequência de insatisfação de elites políticas derrotadas nos processos de conquista do poder. A análise se fundamenta na documentação oficial, em parte partes hemerográficas, nos Anais do Parlamento Brasileiro, em cartas publicadas em um conjunto de jornais do século XIX, além de escritos oitocentistas como as Notas Diárias de Alencastre de 1872 e a memória de Domingos Magalhaes de 1858, e de variada bibliografia: CARVALHO, 2000; CARVALHO, 2010; CASTELO BRANCO, 2020; DIAS, 2014; DOLHNIKOFF, 2005.