A produção audiovisual brasileira se tornou um campo de batalha para disputas sobre a memória da ditadura cívico-militar brasileira, especialmente à medida que o discurso revisionista e negacionista sobre esse período se torna mais comum na política. Esta tese analisa o filme 1964: O Brasil Entre Armas e Livros e produções cinematográficas pós-1985 sobre a ditadura para identificar os mitos memorialísticos construídos e disseminados pelo cinema brasileiro. Usando observação comparativa, a pesquisa busca responder questões sobre o discurso histórico produzido por essas produções, seu impacto na memória social, as evidências históricas empregadas, os mitos associados ao tópico e as elaborações de sentido desenvolvidas. A tese é dividida em quatro capítulos que analisam categorias memorialísticas propostas por Bruno Groppo e usam as categorias míticas de resistência e vitimização de Eni Orlandi como enunciações fundamentais para criar uma identidade nacional. Os filmes são analisados por meio de análise documental, e a metodologia envolve adotar uma nova atitude em relação ao filme como objeto técnico para decompor seus elementos constitutivos. Em última análise, a tese busca identificar os mitos memorialísticos construídos pela indústria cinematográfica brasileira e como eles moldam a memória social.