O presente trabalho estuda a produção da imprensa escrita teresinense, sobretudo os jornais O Dia (PI) e O Estado (PI), no apoio ao Golpe de 1964 e manutenção na Ditadura Civil-Militar durante os anos de 1960 e 1970. Na análise destes periódicos a pesquisa privilegiou os textos dos editoriais, as manchetes e colunas de opinião, elementos que destacam a representação verbal dos jornais. O objetivo é compreender as ambiguidades nos discursos pautados nos polos opostos: democracia e autoritarismo, que cindidos pela argumentação em defesa da pátria e luta por liberdade, adotaram posturas de consentimentos e atritos com o Estado autoritário. Para tanto, foram analisados como fonte histórica os jornais impressos e digitalizados, que, através da interlocução teórica com Maria Helena Capelato (2015) houve a construção metodológica da pesquisa, tendo em vista a imprensa como fonte e objeto presente nas tramas que implicam os interesses discursivos dos proprietários e produtores dos jornais. Desta forma, a problematização das fontes apontou que a construção do discurso informativo é permeado pela Cultura Política que infere diretamente nas decisões políticas, onde os interlocutores são motivados por sentimentos, representações e medos, de certa, forma constroem mitos e heróis. Esta interlocução foi esmiuçada através dos historiadores Rodrigo Patto Sá Motta (2013), Serge Berstein (1998) e René Rémond (2003). Além disso, é importante ressaltar as reflexões de Patrick Charaudeau (2015) acerca da construção do discurso informativo, tendo em vista as instâncias de produção, recepção e interpretação da escrita jornalística. As reflexões sobre as tramas políticas piauienses das décadas de 1960 e 1970 permearam através das contribuições das autoras Cláudia Cristina da Silva Fontineles (2015) e Marylu de Oliveira (2009). Nesta pesquisa, constatou-se que a imprensa desempenha um papel fundamental na construção e formação da opinião pública, expandindo suas funções para além do mero ato de informar. Desta forma, a mesma afasta-se da neutralidade, evidenciando os interesses particulares de seus produtores, que por vezes são agente públicos envolvidos por aspirações político-partidárias e econômicas.