Grande parte dos militantes que fizeram parte dos quadros dos movimentos sociais no Piauí dos anos 1970 a 1990, saíram das CEBs da região de Picos. A região semiárida de Picos é uma região onde grande parte da população nesse período enfrentava constantemente períodos de secas, era carente de recursos materiais, mas rica de religiosidade. Esse estudo historiográfico busca entender, principalmente trabalhando as histórias de vida dos cebianos da região semiárida de Picos através da metodologia da História Oral, como essas comunidades desenvolveram suas ações no semiárido piauiense e de que forma se constituíram como um movimento social eclesial diferente do Catolicismo Popular Tradicional, mais identificado com os ritos católicos do que com as ações sociais. Esse estudo das CEBs também procura demonstrar como se desenvolveram essas comunidades a partir da linguagem religiosa relacionada com as questões sociais no sertão do Piauí, discutindo a importância da liderança do bispo Dom Augusto Alves da Rocha para a constituição de uma memória coletiva em torno dessa linguagem. As CEBs de Picos, aparecem nessa análise como um tipo de comunidade que une os três formatos comunitários que surgiram na história da base católica: o celebrativo; o reflexivo e a prático.