Este trabalho possui a intenção de verificar os aspectos formativos da memória acerca da construção da Usina Hidrelétrica de Estreito entre os pescadores da cidade de Babaçulândia, no interior do Tocantins. Os depoimentos colhidos, com o aporte teórico-metodológico da História Oral, evidenciam que as consequências do empreendimento estão sendo incessantemente atualizadas e corroboram na formação de uma memória constantemente em disputa entre os membros da Colônia-Z15. Identificamos que o processo indenizatório e o tratamento oferecido pelo Consórcio Estreito Energia (CESTE) aos pescadores atingidos, no período em que a obra se iniciava, são alguns dos fatores decisivos para a conformação de uma memória alinhada à história oficial da obra ou para o cultivo de uma memória subterrânea. Para compreendermos esses processos de tessitura dessa disputa pela memória da obra, procuramos investigar as contradições contidas nos depoimentos dos pescadores que estão mais alinhados narrativamente ao empreendimento e as dores daqueles que rejeitam com bastante ênfase um legado positivo da construção. Entendemos, assim como Montenegro (1992), que parte desses conflitos se deve ao fato de que a história é um campo de batalhas, sendo o estabelecimento de uma narrativa homogênea o principal artífice para estabelecer os “vencedores” e os “vencidos” dessa história.