Este trabalho trata da influência das reflexões de Reinhart Koselleck e François Hartog a respeito do “tempo histórico” na historiografia brasileira, com objetivo de compreender suas particularidades e de que maneira tal conceito foi apropriado por historiadores brasileiros empenhados em interpretar a política contemporânea, o que nos oportunizará compreender contribuições da historiografia brasileira a partir de diálogos interdiscursivos estabelecidos por dois historiadores europeus influentes no campo das discussões acerca da teoria da história no Brasil. O recorte temporal compreende os anos 2019 a 2022, por se tratar de um período em que vários autores de diversos campos das ciências humanas analisaram a ascensão da extrema direita na política contemporânea brasileira tendo em vista as múltiplas formas de experiência do tempo inerentes ao conceito de 'tempo histórico'. Com isso, foram escolhidos três historiadores brasileiros a serem analisados de forma mais pormenorizada, Valdei Lopes de Araújo, Mateus Henrique de Faria Pereira e Rodrigo Turin, com enfoque em suas reflexões sobre temporalidades e a política contemporânea brasileira à luz da noção de “tempo histórico”. A análise de tais reflexões se fundamenta metodologicamente na teoria da recepção de Quentin Skinner (2017) para traçar as influências de Koselleck e Hartog nas obras de tais autores brasileiros, além dos aportes metodológicos da história comparada, conforme Barros (2014) e Detienne (2004).