Este trabalho analisa a trajetória intelectual de Nísia Floresta Brasileira Augusta, considerando três aspectos de sua vivência: a escrita, a educação e as viagens que realizou por diferentes províncias do Brasil e pela Europa. Nascida Dionísia Gonçalves Pinto, em Papari, Rio Grande do Norte, em 1810, atuou como educadora e escritora no século que delegava às mulheres funções restritas ao espaço doméstico. Concentrou seus esforços na defesa do direito das mulheres à educação e, através da escrita, formatou modelos ideias de filha, esposa e mãe, capazes de promoverem, junto aos homens, o progresso da humanidade. Ademais, fundou, em 1838, o Colégio Augusto, no Rio de Janeiro, instituição voltada para educação de meninas. Publicou dezenas de títulos, com traduções para o francês, italiano e ingles. Faleceu em Rouen, França, em 1885. Considerada pioneira do feminismo no Brasil, Nísia Floresta é um exemplo dentre outras mulheres que se destacaram no universo da escrita e questionaram os padrões de diferenciação sexual de seu tempo. Neste sentido, interessa conhecer sua vida e obra, bem como o contexto histórico que oportunizou suas vivências afim de ilustrar as possibilidades femininas nos Oitocentos. Além disso, analisa-se as relações intelectuais que estabeleceu com nomes relevantes de seu tempo com o objetivo de inseri-la nos debates travados em solo brasileiro e europeu acerca do lugar destinado às mulheres na sociedade. Para isso, recorre-se a fontes bibliográficas, hemerográficas e à produção escrita de Nísia Floresta, composta por livros, artigos em jornais e manuais morais para meninas. Como inspiração teórico-metodológica, utiliza-se Roger Chartier, Michel de Certeau, Sabina Loriga, Teresinha Queiroz e Nicolau Sevcenko.