Na segunda metade do século XIX, a Vila de União, localizada às margens do rio Parnaíba, no Piauí, teve suas terras mescladas a outras fazendas da região. Essa junção constituiu o povoado, a freguesia do Estanhado, e nos anos de 1853, a Vila de União. Mais tarde, no ano de 1889, esse território passou à categoria de cidade. Esses acontecimentos foram e/ou são resultados de transformações administrativas, econômicas e sociais pelas quais passava o Piauí. A localização da nova capital, Teresina, tomava conta do ideário de alguns políticos que tinham a intenção de integrar o Piauí ao mercado nacional e internacional, com a exportação do extrativismo vegetal. Isso seria viável com o aproveitamento do rio Parnaíba, utilizado não apenas com o cultivo e a extração de produtos em suas margens, mas, também, como “estrada fluvial” pelos piauienses, no período em destaque, sendo que a cidade de União está situada entre a capital do Piauí, Teresina, e a cidade de Parnaíba, territórios que, em meados do século XIX, faziam parte da rota de navegação do rio Parnaíba. Dessa forma, tecemos a hipótese de que as terras em questão foram alvo de tentativas administrativas que tinham como um dos principais objetivos “melhorar” as condições da agricultura e das terras cultiváveis às margens do rio Parnaíba, da segunda metade do século XIX até as primeiras décadas do século XX. Para o período em questão, o comércio, no Piauí, tinha como uma de suas atividades a agricultura e as terras cultiváveis às margens do rio Parnaíba, destacando-se o extrativismo vegetal e as lavouras. Nesse sentido, concluímos que a instalação das Colônias Agrícolas de Nacionais, do Centro Agrícola Federal e da Fábrica União nas terras mencionadas responde prontamente nossa hipótese sobre as tentativas de “melhoramentos” agrícolas nas terras do “Velho Monge”. Em consonância com a documentação apontada, utilizamos os conceitos de “modernização da agricultura”, “próprios nacionais”, “ruralismos” e “núcleos coloniais”. Por nosso marco temporal contemplar dois momentos distintos da historiografia – o Império e a República –, utilizamos, ainda, dois conceitos: o de “Província”, quando nos referimos ao aparato administrativo imperial, e o de “Estado”, quando apontamos para o arcabouço burocrático da República. No que se refere à pesquisa documental, tivemos acesso a várias fontes documentais e hemerográficas importantes. Dentre as quais, destacamos: manuscritos do arquivo público do Estado do Piauí: leis, decretos e resoluções; Relatórios, falas e exposições dos administradores locais (Piauí) da Biblioteca Nacional Digital; Jornal a Imprensa; Jornal O Vim-vim; Jornal O Propagador; Jornal Oitenta e Nove; Jornal O Estado; O Diário do Piauí; A Opinião Conservadora; e Revista Agrícola do Império.