MARREIROS, C. S. Risco cardiovascular e sua associação com síndrome metabólica em
pacientes com doença renal crônica em terapia hemodialítica. 2020. Dissertação (Mestrado) -
Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí,
Teresina- PI.
Introdução: A doença renal crônica (DRC) é atualmente um problema de saúde pública
mundial; a carga associada à doença, ao seu tratamento e à presença de Síndrome Metabólica
(SM) é capaz de gerar um ambiente favorável a fatores de risco cardiovascular (RCV)
modificáveis. Objetivo: Associar a força preditiva dos componentes da SM no RCV dos
pacientes em hemodiálise. Métodos: Trata-se de um estudo transversal envolvendo 95
participantes de ambos os sexos, com idade ≥ a 20 e ≤ a 59 anos, atendidos em clínicas de
hemodiálise em Teresina (PI). Os participantes foram alocados em dois grupos segundo a
presença de SM, diagnosticada pelos critérios NCEP-ATP III. Foram investigados dados
socioeconômicos, de estilo de vida, parâmetros antropométricos (peso, estatura, índice de massa
corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), circunferência do quadril (CQ), razão cintura-
quadril (RCQ), razão cintura-estatura (RCEst), circunferência do pescoço (CP) e índice de
conicidade (IC)), parâmetros metabólicos (glicemia, insulina, HOMA-IR, lipidograma e
pressão arterial), parâmetros de avaliação do RCV (razão TG/HDL-c, índice de adiposidade
visceral (IAV) e produto de acumulação lipídica (PAL)), citocinas inflamatórias (IL-6, IL-8,
IL-1β, TNF-α, IL-12p70 e IL-10) e consumo alimentar (Recordatório 24h). Tratamento
Estatístico: Utilizou-se o software Stata®, v.12 (Statacorp, College Station, Texas, USA) para
a organização e análise dos dados. As variáveis foram apresentadas por meio de estatística
descritiva: número, proporções e intervalos de confiança de 95% (IC 95%), médias, desvio-
padrão, mediana e valores mínimos e máximos. Para verificar a associação entre as variáveis
foram utilizados teste Qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher quando apropriado e
para as variáveis quantitativas contínuas com distribuição normal a partir do teste de Shapiro-
Wilk. As diferenças de médias foram comparadas entres os grupos utilizando o teste T de
Student para as variáveis paramétricas e o teste de Mann-Whitney para as variáveis não
paramétricas. Foram aceitos como estatisticamente significativos os testes com valor de p <
0,05. A força da associação foi testada a partir da razão de chances (odds ratio) estimado pela
regressão logística. Resultados: Os parâmetros antropométricos IMC, CC, CQ, RCEst, RCQ e
CP estavam superiores no grupo com SM. Foi encontrada maior frequência de eutrofia nos
participantes com DRC sem SM, e de excesso de peso entre os participantes com SM, de acordo
com os valores do IMC. Os resultados mostraram que os valores médios de CT, LDL, TG, as
concentrações médias de glicose, insulina e HOMA-IR e os níveis pressóricos estavam
estatisticamente superiores no grupo com SM, e os valores de HDL-c, estavam superiores no
grupo sem SM. Não houve associação entre consumo alimentar, SM e RCV. Constatou-se
maior RCV em pacientes com SM, cujas concentrações de HOMA-IR e de LDL-c elevadas,
sinalizavam 2,8 vezes mais chances de RCV. Conclusão: Houve alta prevalência de SM nos
pacientes com DRC e o índice IAV conferiu aos participantes com SM 25,2 mais RCV,
sugerindo que o impacto negativo das duas patologias pode contribuir para o desenvolvimento
de mecanismos intermediários que levam à DCV.