Introdução. Fatores exógenos, endógenos e patológicos podem interferir no processo cicatricial em humanos e animais por alterarem o equilíbrio entre a síntese, degradação e remodelamento de colágeno e fibras elásticas. O diabetes mellitus é uma doença metabólica progressiva que altera a elastogênese e colagênese, induzindo retardo no processo cicatricial. Evidências científicas sugerem que células-tronco mesenquimais modulem a resposta cicatricial. Dessa forma o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito das células-tronco mesenquimais sobre a formação de fibras dérmicas no modelo murinho de diabetes mellitus. Material e Métodos. Para tanto, secções histológicas de pele de camundongos diabéticos tratados com células-tronco mesenquimais autógenas foram processados em técnica colorimétricas específicas para fibras colágenas tipo 1 e 3 e fibras elásticas utilizando Picrosirius Red e Weigert, respectivamente. As imagens obtidas foram processadas e avaliadas pelo método de Estereologia (ETL) e o Princípio de Cavalieri para obtenção de dados quantitativos em três dimensões (3D), representados pelo volume de fibras dérmicas e pelo método de segmentação de cores (SC). Foi utilizado o plugin k- Means Clustering e o software Image J., para quantificação da área de fibras dérmicas em feridas cutâneas após tratamento dermatológico com células-tronco mesenquimais em camundongos diabéticos. Resultados. Foram obtidas e analisadas 90 imagens. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas (p>0,01) entre o volume e área de fibras colágenas tipo 1, entre os animais tratados, sendo identificadas diferenças significativas (p<0.01) apenas para os volumes e áreas do colágeno tipo 3. Contrariamente, os animais tratados apresentaram médias inferiores (p<0.01) para o volume e área de fibras elásticas, quando comparados ao grupo controle. Discussão. A preponderância de colágeno imaturo tipo 3 nas feridas cutâneas dos animais tratados com células-tronco, em comparação aos demais tratamentos, indica colagênese ativa e, consequentemente, maior atividade fibroblástica, provavelmente induzida pelas células-tronco. Diametralmente, a menor identificação de fibras elásticas nos fragmentos de pele tratados com células-tronco, comparado aos demais tratamentos, sugere que a terapia celular não contribuiu satisfatoriamente para a elastogênese. Relatos anteriores (Sivaraman et al., 2012) já sugeriram que células-tronco mesenquimais podem induzir diminuição da síntese de elastina e acredita-se que talvez tal situação possa ter ocorrido no presente estudo. Conclusão. As células-tronco mesenquimais autógenas induziram aumento da formação de fibras colágenas em camundongos diabéticos, em detrimento da formação de fibras elásticas, sugerindo colagênese precoce ativa nas primeiras duas semanas do processo cicatricial.