RESUMO
Foram examinados 294 animais, os quais foram submetidos a anamnese para verificar a ocorrência de sinais clínicos relacionados à leishmaniose, coleta de sangue para exame hematológico, quantificações bioquímicas, sorologia para retrovírus e sorologia para leishmaniose, aspirado de linfonodo poplíteo e medula óssea e raspado de pele com lesão para confirmar a infecção através da pesquisa direta de Leishmania. As leishmanias isoladas dos felinos foram submetidas a estudos moleculares para identificação das espécies e 12 dos animais infectados, foram submetidos a xenodiagnóstico para verificar a infecção do vetor. Os resultados deste estudo mostram que os felinos se infectam por L. infantum e foi observada uma prevalência de 5,8% no exame parasitológico e 5,4% no ELISA. Também foi observado que os gatos infectados estavam amplamente disseminados na cidade de Teresina, estando presente em todas as zonas demográficas da cidade. Quanto às alterações clínicas nos animais com LV, linfonodo aumentado, alopecia, emagrecimento, lesão de pele e nódulos na pele foram os mais frequentes. No hemograma, observou-se que os gatos com exame parasitológico positivo para LV apresentaram valores de hemácias, hematócritos e hemoglobina significativamente inferior quando comparados aos animais do grupo controle. Na identificação das espécies de leishmânias dos felinos através da região ITS1 do DNA do parasito pelo método de PCR-RFLP E sequenciamento dos minicírculo total, observou-se que as características moleculares dos parasitos foram compatíveis com a espécie L. infantum. Além disso, o sequenciamento apontou não haver diferença entre os parasitos isolados de cães e de gatos. Dos 19 animais infectados 12 foram submetidos ao xenodiagnóstico e oito infectaram o vetor (67%). A frequência de insetos alimentados por animal variou de 87% a 100% e de insetos infectados variou de 22% a 94%. Este é o primeiro estudo sobre os aspectos epidemiológicos da leishmaniose visceral em felinos no Nordeste brasileiro, onde encontramos elevada prevalência da doença nos gatos de Teresina-PI. Além disso, demonstramos que estes animais infectados por L. infantum são capazes de infectar o vetor biológico L. longipalpis, tornando a doença um problema de saúde pública, visto que, a LV é uma zoonose e a Leishmania encontrada nos felinos apresenta características genéticas semelhantes às leishmanias isoladas de cães e humanos.