AVALIAÇÃO DE PROTEÍNAS DA MATRIZ EXTRACELULAR EM RIM DE CÃES E CAMUNDONGOS INFECTADOS COM Leishmania (Leishmania) infantum
canino, murino, colágeno IV, laminina
Na leishmaniose visceral canina e experimental murina, o acometimento renal é muito frequente. A presença do parasito no tecido, ou seus antígenos, são importantes na patogênese da lesão renal, ocasionando frequentemente hipercelularidade glomerular e nefrite intersticial. Estudos sobre a interação entre Leishmania e a matriz extracelular mostraram que os componentes da matriz são alterados para favorecer o parasita. O colágeno tipo IV é o principal componente encontrado na matriz mesangial e o seu acúmulo é frequente na doença renal crônica, levando a fibrose renal. A laminina é outro componente da matriz extracelular e estudos apontam que sua atividade favorece a aderência da Leishmania aos tecidos. Trabalhos anteriores do nosso grupo demonstraram que alterações renais são muito frequentes em cães com leishmaniose visceral e vários mecanismos, como a participação de células T, apoptose e moléculas de adesão, estão envolvidos, todavia alterações da matriz extracelular ainda não foram estudadas. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a expressão de colágeno tipo IV e laminina na matriz extracelular renal de cães naturalmente infectados e em camundongos BALB/c experimentalmente infectados com Leishmania (L.) infantum. Os principais achados histopatológicos encontrados no grupo de cães naturalmente infectados foram: hipercelularidade glomerular, degeneração e necrose de células epiteliais tubulares, dilatação e atrofia tubular, cilindros hialinos, nefrite e fibrose intersticial, e edema cortical e medular do rim. As alterações histopatológicas observadas nos rins dos camundongos BALB/c, analisados em diferentes períodos pós infecção, foram semelhantes às observadas no cão e caracterizadas por hipercelularidade glomerular, degeneração vacuolar do epitélio tubular, cilindro hialinos, nefrite e fibrose intersticial na região cortical e medular. Esta eram de intensidade mínima a média e de distribuição focal a multifocal. A análise morfométrica dos glomérulos dos cães revelou que a hipercelularidade era significantemente maior nos cães infectados em relação ao grupo controle (p<0,05). Nos camudongos essa diferença, também, foi observada (p<0,05) e a hipercelularidade evoluia de forma progressiva, com o tempo de infecção, quando comparados aos animais do grupo controle. Utilizando técnica de imunoistoquímica foi observado a presença de antígeno de leishmânia no tecido renal de cães naturalmente infectados e nos camudongos infectados experimentalmente. O colágeno tipo IV estava presente em intensidade significantemente maior nos glomérulos (p<0,10) e na membrana basal dos túbulos renais dos cães do grupo controle quando comparado aos cães naturalmente infectados (p<0,05). A laminina apresentava-se em intensidade significantemente maior nos glomérulos dos cães do grupo controle quando comparado aos cães naturalmente infectados (p<0,05). Nos camundongos foi verificado que a intensidade da presença do colágeno IV nos vasos intersticiais renais era maior nos animais infectados quando comparado com os animais do grupo controle (p<0,05). A presença de laminina era mais evidente nos glomérulos dos animais infectados quando comparados ao grupo controle (p<0,05). Os resultados sugerem que no cão a leishmânia interage com a matriz extracelular reduzindo a expressão de colágeno tipo IV e laminina. No camundongo a interação de leishmânia com a matriz extracelular ocorre com o aumento da expressão de matriz extracelular. Assim, a ação de leishmânia nos rins, envolve a remodelação da matriz extracelular e esta depende da espécie animal afetada.