Avaliação da matriz extracelular em rim de cães e camundongos infectados com leptospiras
Leptospirose, Canino, Murino, Colágeno, Laminina, Imunoistoquimica
LUSTOSA, M. S. C. Avaliação da matriz extracelular em rim de cães e camundongos infectados com leptospiras. 2014. 50f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2014.
Nas leptospiroses o rim é considerado um órgão alvo. As estruturas mais comprometidas são os túbulos contorcidos proximais, considerado o local preferencial de ação das leptospiras, e o interstício onde provocam nefrite intersticial. As leptospiras são capazes de se ligarem aos componentes principais da matriz extracelular, incluindo o colágeno tipo IV e laminina. Contudo, pouco sabemos sobre a interação das leptospiras com a matriz extracelular renal. Estudos anteriores de nosso grupo detectou leptospiras no rim de cães naturalmente infectados no município de Teresina (PI). Buscando entender os mecanismos de lesões renais o objetivo deste trabalho foi avaliar o papel modulador das leptospiras sobre a matriz extracelular em rins de cães naturalmente infectados e de camundongos BALB/c infectados experimentalmente com Leptospira interrogans sorovares canicola e pomona. Os cães soropositivos apresentaram hipercelularidade glomerular em intensidade maior que os cães do grupo controle não infectados (p<0,005, Teste de Mann-Whitney). Os camundongos infectados experimentalmente com o sorovar canicola e examinados aos 7, 14 e 21 dias pós infecção, apresentaram hipercelularidade em intensidade maior do que os camundongos do grupo controle (p<0,005, Teste de ANOVA e Newman-Keuls). O mesmo não foi observado nos camundongos infectados com o sorovar pomona, pois estes apresentaram diminuição significante de células glomerulares aos 14 dias pós-infecção, comparado ao grupo controle, e aos grupos de 7 e 21 dias pós-infecção (p<0,005, Teste de ANOVA e Newman-Keuls). A análise histopatológica revelou hipercelularidade glomerular e nefrite intersticial, caracterizada por infiltrado inflamatório mononuclear perivascular, periglomerular constituído de linfócitos, macrófagos, plasmócitos e presença fibroblastos com distribuição focal e intensidade variando de mínima a moderada. Nos túbulos da região cortical e medular dos cães observou-se degenerações vacuolar, hialina e pigmentar, necrose tubular e cilindros hialinos. Os camundongos infectados com os sorovares canícola e pomona, após 7 e 21 dias de infecção, apresentaram nefrite intersticial em intensidade média a moderada, nas regiões cortical e medular. A presença de antígeno de leptospira, colágeno tipo IV e laminina no tecido renal foi realizada pela técnica de imunoistoquímica. Antígeno de leptospira estava presente nas células tubulares, nos vasos intersticiais e nas células glomerulares com intensidades variando de mínimas a moderadamente severa nos cães soropositivos, e de mínimas a moderada, nos camundongos. A presença de colágeno tipo IV e laminina foi significativamente maiores nos túbulos nos cães soropositivos em relação ao grupo controle (p<0,005, Teste t de Welch e Wilcoxon). A presença de colágeno tipo IV foi significantemente mais intensa nos glomérulos e nos túbulos do grupo pomona aos 21 dias, quando comparado ao grupo controle e ao grupo infectado com o sorovar canicola (p<0,005, Teste de ANOVA e Newman-Keuls). Foi observado diminuição de colágeno nos vasos intersticiais de camundongos infectados com o sorovar canicola aos 14 dias pós infecção em relação ao grupo controle não infectado e aos demais dias pós infecção (p<0,005, Teste de ANOVA e Newman-Keuls). Havia diminuição de laminina no glomérulo e túbulos da região medular no grupo infectado com o sorovar pomona aos 7 dias pós infecção, quando comparado ao grupo controle e 21 dias pós infecção (p<0,005, Teste de ANOVA e Newman-Keuls). Foi verificado diminuição da marcação de laminina nos vasos dos grupos de animais infectados com pomona aos 7 dias em relação ao grupo controle (p<0,005, Teste de ANOVA e Newman-Keuls). Nossos dados sugerem que a laminina e o colágeno participam de mecanismos de aderência e/ou invasão das leptospiras na nefropatia canina e experimental murina.