O presente trabalho tem por intuito compreender as narrativas jornalísticas sobre as manifestações da cultura veiculadas por impressos do Piauí durante a ditadura civil-militar. Nesse sentido, parte-se de um contexto das ações de truculências do então regime vigente desde o golpe de 1964, considerando os aparatos estatais utilizados para a manutenção do poder, além de cercear as produções individuais e corroborar com um convencimento social a favor do governo. Ainda que houvesse restrições, a população encontrou formas de demonstrar a insatisfação, por meio dos movimentos culturais, imprensa alternativa e etc, sobretudo, nos anos de “chumbo” entre 1967 e 1974. Além de compreender o regime vigente, se discute o conceito de narrativa a partir de Paul Ricoeur (2010), com o objetivo de compreender o processo de produção de narrativas e a relação com a temporalidade e existência humana. Mesmo que o filósofo francês tenha desenvolvido seus estudos para a narrativa historiográfica e ficcional, é possível deslocar o debate para o âmbito da comunicação e jornalismo. Na sequência, ainda está proposto produzir um capítulo sobre jornalismo cultural. A partir disso, pode se citar os objetivos específicos desta pesquisa: identificar a presença da cultura popular local, mercadológica e nacional nas narrativas dos periódicos piauienses; analisar nas publicações da grande imprensa a discussão de movimentos culturais contestadores do regime; e Observar a veiculação da cultura nas narrativas dos impressos alternativos piauienses. Para a consecução destes objetivos, a pesquisa tem como abordagem a metodologia qualitativa e como guia analítico, o círculo hermenêutico de Ricoeur. O objeto empírico é composto pelo Jornal O Dia e os suplementos culturais de caráter alternativo, A Hora Fatal e O Estado Interessante veiculados entre os anos de 1969 e 1972.