Este trabalho objetiva compreender a construção de identidades culturais piauienses na peça de teatro, “Auto do Lampião no Além”, do dramaturgo piauiense José Gomes Campos. Para tanto, analisamos através da análise de discursos, de Milton José Pinto, o texto da peça e matérias que circularam em forma de críticas, entrevistas e reportagens em jornais, de Teresina, nos anos de 1975, 1982, 1996 e 1997 elaborados por artistas, jornalistas e leitores de jornais. Utilizamos as noções conceituais de identidades culturais de Stuart Hall; mídia e identidades culturais de Janete de Páscoa Rodrigues; identidades culturais e manifestações artísticas de Clóvis da Rolt. A análise dos textos foi organizada com referência às datas mais importantes de apresentação da peça que foram os anos de: 1975, 1982, 1996 e 1997. Os textos analisados foram dos jornais: “O Estado”, “O Dia” e “Meio Norte”. Pudemos constatar que durante essas décadas as identidades culturais piauienses retratadas na peça pautaram modos de ser piauiense através de elementos como a linguagem, pelo uso do “piauiês, a religião e de personagens que representam algumas das figuras místicas e fantásticas que povoam o imaginário coletivo piauiense e nordestino, da literatura de cordel através dos violeiros e repentistas na figura do personagem Zabelê, do cangaço na retratação de Lampião, Maria Bonita, repórteres e diabos palacianos. A identificação do público na construção de identidades culturais piauienses também se deu pelos modos como os cenários, figurinos e iluminação foram concebidos, ao longo das décadas, nas várias remontagens da peça. Esses elementos de constituição identitária são retratados na peça e, nos textos sobre ela, fazem circular múltiplas representações do Piauí.