Diante do crescimento da violência no Brasil, especialmente no que diz respeito a crimes de gênero, é importante lançar um olhar interpretativo sobre a cobertura jornalística dos casos de violência contra a mulher - o feminicídio, crime que acontece com maior incidência entre mulheres jovens em ambiente doméstico e tornou-se um problema grave de Saúde Pública. O feminicídio íntimo (CARCEDO, 2002) é resultante de um ciclo de violências invisibilizadas e naturalizadas por várias instâncias sociais, entre elas a mídia. O problema de pesquisa é saber como anda a realidade da mídia online teresinense no que se refere às produções discursivas dos portais de notícia sobre os casos de feminicídio íntimo. As questões que nortearam a investigação foram: Como o jornalismo retrata o feminicídio íntimo e aborda o tema da violência de gênero contra a mulher? Em que condições sócio-político-históricas esses textos são produzidos e veiculados? O que está por trás disso tudo? Quais contextos? Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo geral, analisar a construção de discursos sobre casos de feminicídios íntimos noticiados nos portais180 graus, Meio Norte e Cidade Verde, com foco no caso Iarla Lima Barbosa. Analisamos como ela foi representada, quais ideologias e práticas foram construídas. A imprensa ocupa papel importante para divulgação mais ética e acertada desse tipo de crime. Em 2015, foi sancionada a lei que tipifica o feminicídio no Brasil com objetivo de evidenciar a condição de gênero. Essa pesquisa foi realizada em 2017, dois anos depois que a lei entrou em vigor. O estudo foi possível alicerçado na análise de discurso crítica (FAIRCLOUGH, 2003; 2005), utilizando o modelo tridimensional do discurso e estudos multidisciplinares, apoiados nas teorias de Pierre Bourdieu (2002), Judith Butler (2017), Diana Russel (1992), Joan Scott (1995) e Marcela Lagarde (2006). A análise faz reflexão sobre a forma como a mídia, através do discurso, legitima e fortalece a "Dominação Masculina" (BOURDIEU, 2002) e naturaliza o feminicídio íntimo. Foi constatado que os portais não categorizam o feminicídio como tal, contribuem na perpetuação do discurso de dominação, fortalecem estereótipos dos atores sociais envolvidos, dificultando o enfrentamento desta violência.